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terça-feira, 31 de julho de 2012

18º Capítulo



Quando Patricia e Débora saíram do quarto, repararam que a porta do quarto de Zayn estava aberta e ele estava lá, deitado na cama de barriga para cima a olhar para o tecto e com os fones nos ouvidos.
- Então, já fizeste o jantar? – perguntou Patricia entrando de rompante no quarto dele, seguida por Débora.
- Sim! – afirmou assim que deu pela presença das duas e retirou um fone do ouvido. – Estava a ver que a vossa conversa nunca mais acabava.
- Hã? Ahm…como assim? – perguntou Débora confusa olhando para Patricia. Será que…será que ele havia ouvido a conversa dela será que ele…não, não podia.
- Sim, demoraram tanto tempo ali fechadas no quarto! Raparigas…- afirmou e em seguida atirou uma almofada para cima de cada uma delas.
Ambas respiraram de alivio ao perceber que ele não havia escutado a conversa.
- Bem, já podemos ir jantar ou quê? Estou faminta! – afirmou Patricia esfregando as mãos uma na outra.
Após isso, os três saíram do quarto e dirigiram-se para a sala de jantar. Já praticamente toda a família Malik se encontrava à mesa.
- Boa noite a todos! – desejou Débora que ainda não havia visto os pais de Zayn naquele dia.
- Boa noite! – responderam e em seguida os três sentaram-se.
- Então filho, preparado para amanhã? – perguntou Yasser.
- Acho que sim pai, acho que sim. – respondeu Zayn um pouco nervoso.
Não sabia se as outras pessoas notaram isso, mas Débora havia notado que Zayn estava estranho, muito. Ela estava com medo, apavorada só de pensar no facto que talvez ele tivesse ouvido a conversa dela com Patricia. E se ele ouvira? Oh meu deus, ela não queria pensar nisso, mas…iria ele fingir que não tinha ouvido nada? Não lhe parecia, mas aquela ideia não lhe saia da cabeça. E para além disso, ela sentia, sentia que algo se passava, que ele não estava bem e ela queria saber, queria muito saber o que era para puder ajudá-lo, mas ela nem tinha o direito de saber, não depois de esconder tudo aquilo dele e ainda pedir que a sua irmã guarde segredo dele.
Zayn sentia-se estranho, o seu estomago dava voltas e voltas, era como se todos os nervos lhe estivessem a vir à flor da pele. Seria aquilo por causa da audição que o esperava no dia seguinte? Provavelmente, ou então era aquele desejo, aquele desejo que o consumia, aquele desejo, aquela vontade de a agarrar, de beijá-la, de contar ao mundo que a queria, de agarrar nela e levá-la dali para fora, de fugir com ela para um mundo onde existissem apenas os dois. Um mundo onde nada os impedisse de serem felizes juntos, onde medos e teimosias não existissem, um mundo deles, apenas dele e dela. Infelizmente, tudo isso não passava de desejos, simples desejos que o consumiam dia após dias mas que a seu ver, nunca se poderiam vir a tornar realidade. Ela…ela não sentia o mesmo, ela via-o apenas como um irmão, ela já o havia avisado, não valia a pena continuar a pensar no assunto, mas ele simplesmente não conseguia evitar, ele amava-a, amava-a muito. Pela primeira vez, ele estava realmente apaixonado, apaixonado pela sua melhor amiga e não sabia o que fazer, sentia-se perdido.
O jantar foi praticamente passado em silêncio e logo após a sobremesa, que Débora se recusou a comer e todas a repreenderam, Zayn e Débora subiram para o quarto.
- Zayn…- Débora chamou a sua atenção assim que entraram no quarto.
- Sim?
- Nunca mais me mostraste desenhos teus. – afirmou sentando-se na cama dele – Não tens desenhado?
- Tenho…mas, ultimamente não tem calhado mostrar-te. Espera ai! – disse-lhe e dirigiu-se para a secretária onde se encontrava o computador e uma imensidão de coisas. Pegou num caderno e sentou-se ao lado de Débora – Toma, ai estão os meus mais recentes desenhos.
Débora agarrou no caderno cuidadosamente e abriu-o. A cada desenho que passava, ela ficava ca vez mais fascinada. Zayn era um rapaz super talentosa, e aqueles dons haviam lhe sido concebidos por alguma razão, porque ele merecia, porque ele era uma pessoa maravilhosa, porque ele era o melhor amigo eu se podia ter e com certeza seria o melhor namorado do mundo. Débora dava por si todos os dias a pensar nele, e em como a sua futura namorada seria tão sortuda em tê-lo. Ele era tudo aquilo que ela desejava num rapaz, ele não era um rapaz de sonho, não para ela. Para ela, ele era o sonho, o seu sonho.
A sua boca abriu-se num “O” quando viu um desenho seu, um desenho seu a dormir na cama de Zayn e estava com os cabelos, pareciam despenteados.
- Quando foi isto? – perguntou rindo do desenho, do seu cabelo.
- Ah, isso foi naquele dia em que vieste aqui ter, no dia em que o teu pai…
- Ah, sim, já me lembro. No dia em que me ataste o cabelo de uma maneira qualquer, não foi?
Ambos riram, riram com imensa vontade. Aquilo sabia tão, mas tão bem para os dois.
Após ver todos os desenhos, que estavam fascinantes, assim como tudo aquilo que ele fazia, Débora fechou o caderno, pousou-o em cima da cama e olhou para Zayn. Zayn olhou para ela e os seus olhares cruzaram-se, como muitas vezes acontecia e eles simplesmente sorriam um para outro, mas agora, agora era diferente, eles não sorriram. Após os seus olhares se cruzarem, ambos sentiram uma conexão, uma enorme conexão, uma conexão diferente daquelas que costumavam sentir. Aquela conexão estava a fazer com que os seus rostos se aproximassem cada vez mais, e mais, até que as suas testas se tocaram.
Débora estava a ficar demasiado nervosa e confusa com o que estava a acontecer, como se previsse o que estava por vir e ela não queria isso, ela não queria, criar ou sequer dar-lhe esperanças.
- Estás…hum…nervosos, não estás? – perguntou sem pensar, para quebrar o gelo – Digo, por causa da audição.
- Ahn? S-sim…- Zayn havia acordado do seu transe e havia-se apercebido que o beijo que ele ansiava não havia acontecido. Sentira como que uma faca lhe cravava o coração. Ela não gostava mesmo dele, não da mesma maneira que ele gostava dela e isso doía-lhe tanto, mas tanto. Sem pensar, desencostou a sua testa dela.
- Vai correr tudo bem, eu tenho a certeza. Tu és lindo e tens uma voz linda e ninguém será capaz de te dar um não! Escreve o que te digo. – Débora afirmou e fez-lhe um pequeno carinho rosto.
- Ahm…gosto tanto de ti. – Zayn disse simplesmente e logo em seguida deu-lhe um pequeno beijo nos lábios, sim, daqueles pequenos beijos normais, que eles costumavam dar enquanto melhores amigos – Anda aqui. – bateu com a mão na cama para que ela se fosse deitar no meio das suas pernas e ela assim o fez.
Débora sentou-se no meio das pernas de Zayn e encostou a cabeça no seu peito. Como aquilo sabia bem. Quantas saudades, ela não tinha daqueles momentos, daqueles momentos que eles tiveram assim.
- Tinha saudades disto! – afirmaram os dois como que um coro bem ensaiado e em seguida riram. Zayn beijou o topo da sua cabeça e envolveu os seus braços à volta da cintura dela apertando-a num abraço por fim.
- Sou um sortudo em ter-te ao meu lado, sabias? – ele perguntou-lhe ainda abraçado a ela enquanto olhava para o tecto.
- A única sortuda aqui sou eu…- Débora afirmou por fim. Como é que ele podia dizer que o sortudo era ele por a ter, se na verdade ela o ia abandonar, ele ia abandoná-lo e ainda estava a mentira. Odiava-se tanto por isso. – A maior parte dos casos de melhores amigos, eles batem-se, digo, na brincadeira, andam sempre as turras e nós…nós somos tão diferentes.
- Nunca ouviste falar em edição limitada? Então, é isso que somos. Eu gosto bastante de ser diferente, e tu…tu podes ter a certeza que és diferente, diferente de qualquer outra pessoa que ande por aí…tu és especial. És…a minha especial. – confessou Zayn por fim.
Débora mais nada disse, limitou-se a abanar a cabeça num gesto afirmativo e fechou os olhos, deixando-se embalar pelo som da respiração de Zayn que batia na sua cabeça, bem encostada no peito dele.


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