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domingo, 29 de julho de 2012

7º Capítulo


Na manhã seguinte, Débora acordou um pouco mais calma mas ainda assim frustrada com tudo.
Olhou para o relógio, 12:30, tão tarde e ninguém a tinha vindo acordar. Ainda bem, também, ela estava de férias, tinha direito.
Levantou-se da cama ainda ensonada, dirigiu-se para a casa de banho, fez a sua higiene pessoal, vestiu-se e em seguida desceu.
- Mana! – Kevin correu na sua direcção e abraçou-a – Já acordas-te. – disse sorridente.
- Onde estão os pais? – perguntou em seguida depositou-lhe um beijo na testa.
- Estão na cozinha, é para ir almoçar, ia mesmo agora acordar-te – disse e agarrou na mão da irmã – Vamos!
- Vamos, vamos. – respondeu rindo com a atitude do irmão e seguiram para a cozinha de mãos dadas.
Josh e Alice já se encontravam sentados à mesa. O almoço era bifes com batatas fritas. Boa, só coisas super deliciosas e más para a saúde e para Débora. Esta era uma comida que Débora adorava e que comia sem parar e ela não queria, não queria comer, não queria engordar mais.
- Boa tarde menina! Isto é que são horas de acordar? – perguntou Josh num tom rígido.
- Boa tarde – disse Débora enquanto se sentava ao lado do irmão – Estou de férias, tenho o direito de dormir até tarde pai. – respondeu calmamente.
- Ela tem razão Josh. – Alice concordou.
- Ela que não tivesse razão, não é Alice? – resmungou servindo-se.
- Bem, não vamos começar com discussões por favor.
- Concordo com a mamã, papá. – disse Kevin.
Josh não respondeu e começou a comer. Já faltavam poucos dias para ele abalar para Portugal. Débora não queria ser má, mas naquele momento ela só desejava que ele fosse, e tivessem separados por um tempo. Ela amava o pai, obviamente que amava, mas a verdade era que ultimamente eles só discutiam e ela passava a vida deprimida por culpa dele, por culpa das suas parvoíces, das suas bebedeiras e por culpa de toda a sua violência ao falar com eles.
Após todos já estarem servidos, começaram a comer. Diga-se de passagem que Débora encheu e bem o prato, de batatas fritas sem sequer se aperceber. Alice achou estranho, pois ela ultimamente não andava a comer nada de jeito e sempre que comia bem, enfiava-se dentro da casa de banho durante muito tempo. Ela desconfiava o que pudesse ser, mas ou mesmo tempo duvidava, pois nunca cheirava mal, nem tinha vestígios de que ela tivesse vomitado. Mas, que era estranho era, e ela tinha que descobrir o que se passava com a sua menina, por isso havia ligado ao Zayn.
Todos, incluindo Débora, comeram tudo o que estava no prato e ficaram de barriga cheia. Levantaram a mesa, beberam o café e arrumaram tudo.
Como já era habitual cada vez que Débora comia muito, correu para a casa banho e lá se trancou sem dizer nada a ninguém.
Em casa de Zayn, este e toda a sua família já tinham acabado de comer e ele estava sem nada para fazer. Subiu para o seu quarto e atirou-se para cima da cama ficando deitado de barriga para cima. Na parede à sua frente, estava uma enorme moldura, e nessa moldura existia uma foto dele e de Débora no ano em que se conheceram, era ele às cavalitas dela e ela fingia uma cara de sofrimento. Sem se aperceber, Zayn deixou escapar do seu rosto, um sorriso parvo, um sorriso…apaixonado. Eles eram melhores amigos há quase 6 anos, eram como irmãos, mas parecia que para ele tudo estava a mudar, agora, desde que houve aquele momento na sua sala, aquele momento constrangedor mas ao mesmo tempo, fantástico, mágico. Ela beijava melhor do que ninguém, e tocá-la daquela maneira fazia-o sentir-se nas nuvens. De repente, deu por si a pensar no que estaria ela a fazer e decidiu ligar-lhe. Apetecia-lhe estar com ela, abraça-la e dizer-lhe que nunca a iria deixar, que estaria com ela para sempre, em tudo o que ela precisasse. Chamou uma, duas, três, quatro, cinco vezes e nada, Débora não atendia. Tentou ligar de novo e mais uma vez, nem sinal, talvez não estivesse ao pé do telemóvel, o que era estranho. Decidiu então vestir umas calças, uma T-shirt, calçar uns ténis, visto que o tempo estava melhor que no dia anterior, pelo menos não chovia, e então foi até casa dela.
Pôs-se a caminho e em menos de 5 minutos estava parado em frente à porta de Débora. Pensou se deveria tocar ou não, o que foi extremamente estranho, pois ele nunca precisou de pensar para o fazer, ele chegava e tocava, mas agora era diferente, ele sentia-se diferente em relação a tudo o que sentia por ela, mas em vez de se sentir mal, que era isso que era suposto, não, ele sentia-se bem, muito bem. Decidiu então perder aquele pequeno receio e tocar.
- Zayn! Boa tarde. Estás aí parado a fazer o quê? Entra meu querido, entra! – disse-lhe Alice enquanto lhe abria a porta.
- Boa tarde Alice. Como está? Vim ver a Débora. Estava por casa sem fazer nada e decidi ligar-lhe mas ela não me atendeu, então vim ver se estava tudo bem.
- Bem, eu não sei o que se passa, mas ela está mais uma vez trancada na casa de banho e há mais de meia hora e não acredito muito que lhe tenha dado uma dor de barriga, ela faz isto cada vez que come alguma coisa de jeito, digo, quando come.
- Eu vou ver o que se passa, isto não pode continuar assim. – disse, indo decidido em direcção à casa de banho.
- Mas espera, primeiro queria agradecer-te imenso por tudo o que fazes pela nossa filha, és um verdadeiro amigo e uma excelente pessoa, e agradece também à tua mãe por cada vez que a Débora fica em vossa casa. – disse dando-lhe um beijo da testa.
- Oh Alice, não tem nada que agradecer, eu Adoro a sua filha, ela é como uma…irmã para mim e faço o que for preciso para a ajudar.
- Ela também gosta imenso de ti. – lançou-lhe um sorriso e em seguida fez-lhe sinal para que ele subisse as escadas – Vai, vai lá ver dela.
Subiu as escadas a correr, com medo do que ela poderia estar a fazer. Correu em direcção à casa de banho e bateu à porta.
- Debby?! Debs?! – perguntou ansioso – Débora, eu sei que estás ai, fala comigo!
Ela não respondia, mas enquanto isso, Zayn conseguia ouvir pequenos gemidos, gemidos que pareciam de dor e também um pequeno choro. Ele estava a ficar stressado, preocupado e não sabia o que havia de fazer.
- Débora, responde-me! Débora! – gritou novamente, mas ela nada. E agora, já nem se ouvia gemidos nem choros.
Foi aí, que sem pensar sequer que a poderia magoar, Zayn ergueu uma perna e deu um forte pontapé na porta com a intenção de arrombar, e conseguiu. Apressado entrou.
Zayn não podia acreditar naquilo que os seus olhos viam, ele não queria acreditar. Ela não podia ter feito aquilo, ela não podia. Ele estava paralisado, completamente petrificado com aquela imagem, era como se o seu coração tivesse parado de bater. Sentia pequenas lágrimas a formarem-se nos seus olhos e a escorrerem lentamente pelo seu rosto.
Então, acordou do seu transe e caiu de joelhos no chão, junto ao corpo inanimado da sua melhor amiga.
Ela estava ali, inconsciente, desacordada, com os olhos cheios de lágrimas e com os pulsos…com os pulsos encharcados de sangue e cheios de golpes na horizontal.
Sem pensar, com uma mão agarrou na sua cabeça e com a outra começou a fazer-lhe pequenas festas no rosto.
- Débora, por favor! Debby fala comigo, por favor! Acorda! – ele estava desesperado, angustiado e agora milhares de lágrimas se derramavam sobre os seus olhos e caiam no rosto desacordado e sem expressão de Débora. – Por favor não me faças isto, NÃO!
Na mão direita de Débora, encontrava-se a arma do crime, uma tesoura com uma ponta super bicuda.
Desesperado e ao ver que ela ainda respirava, depressa agarrou nela ao colo e correu dali para fora. Chegado às escadas, ele tentou desce-las cuidadosamente para não caírem os dois.
- ALICEEEEEEEEEEEEE! ALICEEEEEEEEEE! – gritou por a mãe de Débora desesperado – CHAME UMA AMBULÂNCIA! JÁ!!! 

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