Na manhã seguinte, Zayn acordou com uma enorme dor nas
costas, pois havia dormindo numa má posição. Levantou.se e espreguiçou-se.
Débora ainda dormia. Zayn olhou-a, tão delicada, tão meiga e
frágil.
Sentia-se tão parvo por a ter beijado na noite anterior, não
que não tivesse gostado, muito pelo contrário, mas ela não sentia o mesmo por
ele e isso matava-o por dentro.
- Que estás tu a pensar Zayn? Ela é a tua melhor amiga, é
como uma irmã, sempre foi! – disse para o seu consciente. Continuava a olhá-la,
mas olhava-a de uma maneira diferente que costumava olhar, olhava-a de uma
maneira cativante, de uma maneira mais protectora, de uma maneira muito mais
inexplicavelmente forte.
Devagar, passou a mãe no rosto delicado dela, fazendo uma
caricia e dando em seguida um beijo na sua pequena testa.
Não restavam dúvidas, Zayn estava definitivamente apaixonado
pela sua melhor amiga.
Ele queria tanto protegê-la, queria tanto senti-la nos seus
braços, mas não da maneira do costume. Zayn queria tê-la, não como amiga, não
como irmã, Zayn queria tê-la como sua, sua e apenas sua.
Depressa abanou a cabeça na tentativa de afastar aqueles
pensamentos que a perseguiam, mas foi em vão, Débora não lhe saia dos
pensamentos por nada. O pior, era que na sua mente, pela primeira vez, aqueles
sentimentos não eram recíprocos.
Olhou para o relógio no seu pulso, eram nove e meia da
manhã. Alice deveria estar prestes a chegar para ir buscá-los.
Zayn, decidiu então acordar Débora cuidadosamente.
Débora abriu os olhos devagar, enquanto sentia leves beijos
por toda a face.
- Acorda princesa…- ouviu Zayn pronunciar baixinho.
- Bom dia…- Débora disse devagar ao mesmo tempo que se
espreguiçava.
- Dormiste bem? – perguntou e em seguida deu-lhe um leve
beijo na testa.
- Sem contar que estamos num hospital, sim, dormi muito bem.
– respondeu sorridente. Estava contente, pois estava prestes a sair dali.
- Acho melhor ires vestir-te. – disse-lhe Zayn sorrindo.
- Sim. Mas, onde estão as minhas roupas? – perguntou, apontando
para bata branca que tinha vestida, a bata do hospital.
- Dentro dessas gavetas. – respondeu Zayn apontando para a
comoda que se encontrava ao lado da maca.
Débora, levantou-se cuidadosamente da maca, abriu a gaveta
tirando as suas roupas, que já estavam lavadas e foi vestiu-se mesmo ali, na
frente do seu melhor amigo. As cortinas estavam fechadas, e estar seminua na
frente de Zayn, não era uma novidade para Débora. Talvez fosse constrangedor
para ambos, depois dos recentes acontecimentos, mas a verdade, era que Débora
nunca havia deixado de se sentir à vontade na frente dele.
Zayn, agora sentia-se diferente, sentia-se nervoso ao vê-la
despir-se na sua frente, sentia-se como se nunca a tivesse visto daquela
maneira, o que em parte era verdade, pois ele sempre olhara para ela como uma
irmã e vê-la assim, agora, agora que ela significava muito mais que isso, era
como se um desejo enorme se apodera-se de si, como se um desejo de a tomar nos
seus braços o fosse dominar a qualquer momento. A muito esforço conseguiu
controlar-se.
- Estou pronta. – afirmou Débora, acabando de apertar os
ténis.
- Então vamos andando lá para fora, ver se a tua mãe já lá
está. – disse Zayn e assim foram.
Chegaram à recepção do hospital, e Alice já lá se encontrava
a assinar os papeis da alta da sua filha.
- Bom dia mãe. – desejou Débora, dando em seguida um beijo
na face de sua mãe.
- Bom dia meu amor – respondeu Alice – Bom dia Zayn.
Dormiram bem?
- Sim. – responderam em uníssono sorrindo levemente.
- Pronto, podemos ir embora. – disse após preencher tudo o
necessário.
Seguiram para o carro, Débora entrou para o lugar do
pendura, Zayn para os lugares de trás e Alice, obviamente, para o lugar de
condutor e arrancaram.
- Então Zayn, deixo-te em casa? –perguntou Alice sem tirar
os olhos da estrada.
- Ele pode almoçar connosco mãe?
- Deixa estar Debs, não quero dar trabalho e para além do
mais, já estou fora de casa há algum tempo, é melhor ir para a minha mãe não
ficar preocupada. – respondeu Zayn sorrindo.
- Não dás trabalho nenhum meu querido, mas se achas melhor
assim, eu levo-te a casa. – afirmou Alice focando a estrada à sua frente.
O resto do caminho foi passado em silêncio. Zayn e Débora,
trocavam olhares cúmplices através do retrovisor a cada minuto que passava, e
cada vez que um olhava, o outro desviava o olhar.
Alice estacionou em frente ao portão da casa dos Malik.
- Muito obrigada dona Alice. Debs, ligo-te mais tarde.
Amo-te. – deu-lhe um beijo na testa e saiu do carro.
Com Zayn e Débora ainda a acenarem um ao outro, Alice
arrancou.
- Não vais mesmo contar-lhe filha? – perguntou Alice, após
um longo tempo silencioso.
- Não mãe, a minha
decisão está tomada…- respondeu simplesmente, olhando a rua.
Durante o caminho até casa, mais nenhuma palavra foi
pronunciada e apenas a suas respirações e o barulho dos carros foram possível
ser ouvidos.
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