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segunda-feira, 30 de julho de 2012

16º Capítulo



Assim como Zayn, Débora também se sentia constrangida com o facto de ir dormir no mesmo quarto que ele, na mesma cama. Não era nada que nunca tivesse acontecido, mas a verdade era que desde aqueles beijos, desde aqueles momentos mais intensos que nenhum dos dois conseguia estar perto um do outro sem terem vontade de se beijar de se agarrar, sem se desejarem um ao outro.
Logo após chegarem a casa de Zayn, Safaa, a sua irmã mais nova veio a correr abraçá-lo.
- Manoooooo! – gritou a pequena.
- Princesa! – sorriu pegando nela ao colo – Já viste quem está aqui?
- Debbyyyyyyyy! – gritou contente!
- Olá minha linda. – disse Débora sorrindo e logo em seguida beijou a sua pequena face.
Na sala, sentadas a ver televisão, encontravam-se todas as restantes irmãs de Zayn, Patricia, Waliyha, a irmã do meio e por fim, Donya, a mais velha.
Zayn pousou Safaa no chão, ele e Débora cumprimentaram as outras irmãs e foram para o quarto dele.
Como já era de esperar, Débora atirou-se para cima da cama de Zayn e refastelou-se.
- Muito gostas tu da minha cama! – afirmou Zayn rindo-se, enquanto se sentava ao lado dela.
- Grande e fofinha! Yuipi! – Débora gritou com voz de criança, pôs-se de pé em cima da cama e começou a pular que nem uma criança.
- Olha, deu-lhe! – Zayn disse rindo, olhando para a melhor amiga que saltava que nem uma louca em cima da sua cama e fazia-lhe gestos para que ele se juntasse a ela. Sem pensar duas vezes, Zayn pôs-se de pé em cima da sua própria cama e acompanhou Débora naquela brincadeira infantil.
A verdade, era que aquela poderia ser até a brincadeira mais infantil de sempre, mas quando os dois estavam juntos, a sorrir e a divertir-se, nada mais importava, apenas eles e ambas as felicidades. Ali, os dois estavam a ser felizes, na companhia um do outro.
Depois de pularem energéticos por longos minutos, ambos perderam as forças e acabaram por cair deitados na cama a rirem-se que nem dois loucos, dois loucos apaixonados que por culpa dos medos e da teimosia não admitiam isso.
Só Zayn sabia a vontade que tinha de beijá-la, agarrá-la e tomá-la nos seus braços ali mesmo, porém, não podia, não queria estragar a bonita amizade que ambos tinham, não podia estragar aquela…irmandade.
- Posso? – perguntou Patricia aparecendo na porta do quarto e Zayn afirmou abanando a cabeça – Ora bem, que andam os meninos a fazer?
- Estávamos a pular na cama! – afirmou Débora rindo logo em seguida.
- Ahhhhh então era daí que vinham aqueles barulhos estranhos! – constatou Patricia rindo-se e fazendo-os rir com ela – Zayn, a mãe pediu que fosses tu a fazer o jantar.
- Ok, ninguém resiste aos meus cozinhados mesmo! – afirmou fazendo ar superior.
- Até parece! – disse Débora rindo.
- Bem, e tu Debs, vens comigo. Quero falar contigo, já não falamos as duas há muito tempo! – disse Patricia agarrando na mão dela e arrastando-a para fora do quarto – Até já maninho!
- Até já parvinhas! – disse Zayn enquanto seguia atrás delas para fora do quarto e se dirigia para a cozinha.
Assim que chegaram ao quarto de Patricia, esta fechou a porta rapidamente, empurrou Débora para que se sentasse na sua cama e fez o mesmo.
- Agora minha menina, vais contar-me o que se passa entre vocês! – disse Patricia fazendo um ar maroto.
- Ahn? Entre quem? – Débora fez-se de desentendida.
- Não te faças de parva Debby, que isso é coisa que tu não és! Vá, anda lá!
- Eu…não estou a perceber.
- Oh, por favor, eu vi-vos no outro dia, no dia em que dormiste cá e que era suposto irmos ao shopping, eu vi-vos, vi-vos lá em baixo na sala, a…hum…beijarem-se…
- Oh, não…
- Não tens como negar! Conta-me, que se passa?
- Nada, não se passa simplesmente nada…
- Como não? Vocês gostam um do outro, isso está na cara!
- Nós gostamos muito um do outro, mas simplesmente como irmãos, esses beijos foram apenas pequenos impulsos do momento…
- Espera aí…esses? Quer dizer que se beijaram mais do que uma vez? – Patricia perguntou perplexa.
- Não, eu não disse isso eu…
- Disseste!
- Eu…- Débora não sabia mais o que dizer, estava prestes a explodir, o seu coração batia a mil e a sua vontade era contar tudo, dizer a Patricia toda a verdade, mas…mas ela era irmã, era gémea daquele que ela amava, ela nunca poderia manter aquele segredo, guardar aquilo do seu irmão.
- Tu…- Patricia incentivou-a para que continuasse e isso fê-la virar a cara para o lado oposto e deixar com que pequenas lágrimas começassem a brotar dos seus olhos. Patricia reparou nesse gestos e imediatamente a abraçou sem pensar. Débora começou a chorar mais, muito mais. – Algo não está bem Debby, fala comigo, conta-me, eu também sou tua amiga, podes contar comigo fofinha, tu sabes…- Patricia disse-lhe, após quebrar o abraço, pôr-se de joelhos a frente de Débora e limpar as lágrimas da sua face.
- Algo? Se fosse apenas algo...nada, nada está bem Patricia, nada…- desabafou e começou a chorar de novo – Eu Amo-o, eu Amo-o tanto, mas tanto! Não como um irmão…eu Amo-o!
- E…onde é que isso é um problema?
- Tu não percebes…nunca vais perceber, ninguém percebe…
- Eu nunca vou conseguir perceber, se tu não me contares Debs.
Debs…Debs era o apelido que Zayn lhe dera, ele, tudo, tudo se tratava dele, aquele que há cinco anos atrás lhe roubara o coração e sempre o mantivera guardado em silêncio, até ali.
- Eu vou-me embora…
- Não, Debby, não vás. Espera, fala comigo!
- Não Pathy, não estás a perceber…aff…eu vou-me embora, digo, vou-me embora do país, não tenho outra escolha…o meu pai vai ainda esta semana, e deu-nos até ao final do verão para irmos ter com ele…
- C-como? Porquê?
- O meu pai ficou desempregado e não consegue emprego aqui de maneira nenhuma, e em Portugal…
- Portugal?
- Sim…em Portugal, ele tem lá família que já lhe garantiu emprego e um casa…
- O que…o que é que o Zayn disse disto? – perguntou Patricia com pequenas lágrimas a escorrerem por seu rosto. Débora não era apenas amiga de Zayn, ela também era sua amiga e tinha um enorme carinho por ela, por ela fazer o seu irmão gémeo feliz, como fazia.
Débora não respondeu, não tinha como responder aquela pergunta, Patricia iria chamar-lhe de cobarde. Em vez disso, levou as mãos à cara e tapou-a, deixando que cada vez mais, novas lágrimas fossem caindo.
- Espera…ele…ele ainda não sabe pois não? – Patricia perguntou surpreendida e triste.
Mais uma vez, Débora não respondeu. Patricia tinha acertado em cheio e tinha tocado na ferida a cem por cento. O seu coração doeu mais, parecia que ficava mais pequeno a cada respiração profunda. Sem pensar, atirou-se de costas na cama e deixou-se ficar deitada de barriga para cima, a chorar que nem uma desesperada que acabara de perder tudo. Para sua surpresa, Patricia juntou-se a ela, abraçou-a e ficaram ali as duas juntas, a chorar por ele, por Zayn.

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