Assim como Zayn, Débora também se sentia constrangida com o
facto de ir dormir no mesmo quarto que ele, na mesma cama. Não era nada que
nunca tivesse acontecido, mas a verdade era que desde aqueles beijos, desde
aqueles momentos mais intensos que nenhum dos dois conseguia estar perto um do
outro sem terem vontade de se beijar de se agarrar, sem se desejarem um ao
outro.
Logo após chegarem a casa de Zayn, Safaa, a sua irmã mais
nova veio a correr abraçá-lo.
- Manoooooo! – gritou a pequena.
- Princesa! – sorriu pegando nela ao colo – Já viste quem
está aqui?
- Debbyyyyyyyy! – gritou contente!
- Olá minha linda. – disse Débora sorrindo e logo em seguida
beijou a sua pequena face.
Na sala, sentadas a ver televisão, encontravam-se todas as
restantes irmãs de Zayn, Patricia, Waliyha, a irmã do meio e
por fim, Donya, a mais velha.
Zayn pousou Safaa no chão, ele e Débora
cumprimentaram as outras irmãs e foram para o quarto dele.
Como já era de esperar, Débora atirou-se
para cima da cama de Zayn e refastelou-se.
- Muito gostas tu da minha cama! – afirmou
Zayn rindo-se, enquanto se sentava ao lado dela.
- Grande e fofinha! Yuipi! – Débora gritou
com voz de criança, pôs-se de pé em cima da cama e começou a pular que nem uma
criança.
- Olha, deu-lhe! – Zayn disse rindo,
olhando para a melhor amiga que saltava que nem uma louca em cima da sua cama e
fazia-lhe gestos para que ele se juntasse a ela. Sem pensar duas vezes, Zayn
pôs-se de pé em cima da sua própria cama e acompanhou Débora naquela
brincadeira infantil.
A verdade, era que aquela poderia ser até a
brincadeira mais infantil de sempre, mas quando os dois estavam juntos, a
sorrir e a divertir-se, nada mais importava, apenas eles e ambas as
felicidades. Ali, os dois estavam a ser felizes, na companhia um do outro.
Depois de pularem energéticos por longos
minutos, ambos perderam as forças e acabaram por cair deitados na cama a
rirem-se que nem dois loucos, dois loucos apaixonados que por culpa dos medos e
da teimosia não admitiam isso.
Só Zayn sabia a vontade que tinha de beijá-la, agarrá-la e
tomá-la nos seus braços ali mesmo, porém, não podia, não queria estragar a
bonita amizade que ambos tinham, não podia estragar aquela…irmandade.
- Posso? – perguntou Patricia aparecendo na porta do quarto
e Zayn afirmou abanando a cabeça – Ora bem, que andam os meninos a fazer?
- Estávamos a pular na cama! – afirmou Débora rindo logo em
seguida.
- Ahhhhh então era daí que vinham aqueles barulhos
estranhos! – constatou Patricia rindo-se e fazendo-os rir com ela – Zayn, a mãe
pediu que fosses tu a fazer o jantar.
- Ok, ninguém resiste aos meus cozinhados mesmo! – afirmou
fazendo ar superior.
- Até parece! – disse Débora rindo.
- Bem, e tu Debs, vens comigo. Quero falar contigo, já não
falamos as duas há muito tempo! – disse Patricia agarrando na mão dela e
arrastando-a para fora do quarto – Até já maninho!
- Até já parvinhas! – disse Zayn enquanto seguia atrás delas
para fora do quarto e se dirigia para a cozinha.
Assim que chegaram ao quarto de Patricia, esta fechou a
porta rapidamente, empurrou Débora para que se sentasse na sua cama e fez o
mesmo.
- Agora minha menina, vais contar-me o que se passa entre
vocês! – disse Patricia fazendo um ar maroto.
- Ahn? Entre quem? – Débora fez-se de desentendida.
- Não te faças de parva Debby, que isso é coisa que tu não
és! Vá, anda lá!
- Eu…não estou a perceber.
- Oh, por favor, eu vi-vos no outro dia, no dia em que
dormiste cá e que era suposto irmos ao shopping, eu vi-vos, vi-vos lá em baixo
na sala, a…hum…beijarem-se…
- Oh, não…
- Não tens como negar! Conta-me, que se passa?
- Nada, não se passa simplesmente nada…
- Como não? Vocês gostam um do outro, isso está na cara!
- Nós gostamos muito um do outro, mas simplesmente como
irmãos, esses beijos foram apenas pequenos impulsos do momento…
- Espera aí…esses? Quer dizer que se beijaram mais do que
uma vez? – Patricia perguntou perplexa.
- Não, eu não disse isso eu…
- Disseste!
- Eu…- Débora não sabia mais o que dizer, estava prestes a
explodir, o seu coração batia a mil e a sua vontade era contar tudo, dizer a
Patricia toda a verdade, mas…mas ela era irmã, era gémea daquele que ela amava,
ela nunca poderia manter aquele segredo, guardar aquilo do seu irmão.
- Tu…- Patricia incentivou-a para que continuasse e isso
fê-la virar a cara para o lado oposto e deixar com que pequenas lágrimas
começassem a brotar dos seus olhos. Patricia reparou nesse gestos e
imediatamente a abraçou sem pensar. Débora começou a chorar mais, muito mais. –
Algo não está bem Debby, fala comigo, conta-me, eu também sou tua amiga, podes
contar comigo fofinha, tu sabes…- Patricia disse-lhe, após quebrar o abraço, pôr-se
de joelhos a frente de Débora e limpar as lágrimas da sua face.
- Algo? Se fosse apenas algo...nada, nada está bem Patricia,
nada…- desabafou e começou a chorar de novo – Eu Amo-o, eu Amo-o tanto, mas
tanto! Não como um irmão…eu Amo-o!
- E…onde é que isso é um problema?
- Tu não percebes…nunca vais perceber, ninguém percebe…
- Eu nunca vou conseguir perceber, se tu não me contares
Debs.
Debs…Debs era o apelido que Zayn lhe dera, ele, tudo, tudo
se tratava dele, aquele que há cinco anos atrás lhe roubara o coração e sempre
o mantivera guardado em silêncio, até ali.
- Eu vou-me embora…
- Não, Debby, não vás. Espera, fala comigo!
- Não Pathy, não estás a perceber…aff…eu vou-me embora,
digo, vou-me embora do país, não tenho outra escolha…o meu pai vai ainda esta
semana, e deu-nos até ao final do verão para irmos ter com ele…
- C-como? Porquê?
- O meu pai ficou desempregado e não consegue emprego aqui
de maneira nenhuma, e em Portugal…
- Portugal?
- Sim…em Portugal, ele tem lá família que já lhe garantiu
emprego e um casa…
- O que…o que é que o Zayn disse disto? – perguntou Patricia
com pequenas lágrimas a escorrerem por seu rosto. Débora não era apenas amiga
de Zayn, ela também era sua amiga e tinha um enorme carinho por ela, por ela
fazer o seu irmão gémeo feliz, como fazia.
Débora não respondeu, não tinha como responder aquela
pergunta, Patricia iria chamar-lhe de cobarde. Em vez disso, levou as mãos à
cara e tapou-a, deixando que cada vez mais, novas lágrimas fossem caindo.
- Espera…ele…ele ainda não sabe pois não? – Patricia perguntou
surpreendida e triste.
Mais uma vez, Débora não respondeu. Patricia tinha acertado
em cheio e tinha tocado na ferida a cem por cento. O seu coração doeu mais,
parecia que ficava mais pequeno a cada respiração profunda. Sem pensar,
atirou-se de costas na cama e deixou-se ficar deitada de barriga para cima, a
chorar que nem uma desesperada que acabara de perder tudo. Para sua surpresa,
Patricia juntou-se a ela, abraçou-a e ficaram ali as duas juntas, a chorar por
ele, por Zayn.
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