Débora saiu de casa apressada, os seus olhos estavam cheios
de lágrimas, lágrimas que pareciam infinitas. Ela não podia acreditar que
aquele era o dia, era o dia em que se tinha que despedir dele, em que diria adeus
e provavelmente o último dia em que via aquela face, aquele rosto, aqueles
olhos, aquele nariz, aqueles lábios perfeitos que tinham um gosto mais do que
maravilhoso. Com toda a certeza ele não lhe iria dirigir a palavra, ele não
iria querer falar com ela nunca mais depois de ela lhe ter dito que ia embora,
que o iria abandonar, mas ainda assim ela foi ter com ele decidida a
despedir-se, convicta de que iria ganhar pelo menos um último abraço.
Num passo apressado dirigiu-se a casa de Zayn. Assim que
chegou, estafada, tocou à campainha.
Passados poucos segundos alguém veio abrir a porta. Era
Patricia.
- Debby! Que surpresa! Entra…- disse-lhe sorrindo mas com
uma expressão de olhar triste.
- Ele não quer falar comigo pois não? – perguntou Débora a
medo.
- Não sei…experimenta, tentar não custa. Ele está no quarto.
Decidida, Débora subiu as escadas e seguiu em direcção ao
quarto que tão bem conhecia.
- Posso entrar? – perguntou batendo à porta.
Não obtendo resposta de volta, abriu a porta e entrou.
Ao entrar, Débora encontrou um Zayn triste, cansado e com os
olhos inchados.
- Vai-te embora! – gritou ao olhá-la triste mas enraivecido.
- Não Zayn, eu não me vou embora sem me despedir de ti…-
disse aproximando-se dele, enquanto os seus olhos voltavam a encher-se de
lágrimas.
- Despedir?! DESPEDIR?! Eu já disse…VAI-TE EMBORA!?!
- Mas porquê Zayn?! PORQUÊ?! Eu não tenho culpa! NÃO TENHO!
NÃO TENHO! Não tenho…não tenho…- disse agora sem conseguir conter todo o seu
sofrimento. Tentou tocar-lhe no rosto mas ele não deixou, afastando-se num
movimento brusco.
- NÃO TENS?! NÃO TENS?! TU ABANDONAS-TE-ME! TU VAIS
ABANDONAR-ME!
- MAS A CULPA NÃO É…
- CALA-TE! VAI-TE EMBORA! JÁ DISSE!
- EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU SEM ME DESPEDIR DE TI! EU AMO-TE!
- SAI! TU PARA MIM MORRES-TE!! – Gritou quase em cima da sua
cara.
MORRES-TE…MORRES-TE…MORRES-TE…MORRES-TE…E aquela palavra
continuou a ecoar na cabeça de Débora como uma bala que atinge o seu coração a
1000 km à hora. Débora sentiu o seu coração a acelerar mais, mais, mais e mais
até que num movimento brusco parou.
- NÃOOOOOOOOOOOO! NÃOOOOOOOOOO! Não…não…não! – gritou Débora
acordando do maior pesadelo que tivera em toda a sua vida. Toda a sua cara
estava lavada em lágrimas.
- Amor o que é que se passou? Porque é que gritaste filha? –
perguntou Alice entrando de rompante no quarto de Débora.
Esta, depressa se levantou da cama e enxugou as lágrimas.
Felizmente tinha sido apenas um pesadelo, mas um pesadelo que se poderia vir a
tornar realidade.
- Nada mãe…foi apenas um…pesadelo, só isso. – respondeu
forçando um sorriso.
- Assustas-me filha. E, estavas a dormir vestida com a roupa
de dia?
- Estava cansada mãe, deixei-me dormir.
- Tudo bem minha querida, agora vê se vais vestir o pijama e
descansas. – disse, depositou-lhe um beijo na testa e quando ia para sair do
quarto Débora chamou-a.
- Mãe…nós vamos mesmo…ter que ir para Portugal? – perguntou
receosa, mesmo já esperando a resposta.
- Temo que sim meu amor, é o melhor para todos.
- Para todos? Para todos mãe?! O pai não sabe o que é o melhor
para todos! Ele só está a pensar nele!
- Não fales assim do teu pai Débora Cristina.
- Mas mãe…eu não quero ir, nem eu nem o Kevin!
- Mas tem que ser meu amor, o teu pai precisa de emprego.
- Mas ele pode muito bem arranjar um novo emprego aqui!
- Mas lá ele tem família e não vamos gastar tanto dinheiro
em despesas porque vamos alugar a casa um tio do teu pai. Vá, e já chega desta
conversa, hoje já houve discussões que chegassem, vai dormir que amanhã é um
novo dia. – afirmou e saiu.
Mais uma vez e já não era novidade nenhuma, Débora
descaiu-se num pranto. Ela uma rapariga super sensível, e no estado em que
estava, qualquer coisa a deitaria a baixo.
Pegou no telemóvel e sem pensar escreveu “ Era só para dizer
mais uma vez que Te Amo! Obrigada por tudo”, digitou o número que tão bem
conhecia e enviou a mensagem.
Pousou o dispositivo movél em cima da mesinha de cabeceira e
dirigiu-se para a casa de banho. Fez a sua higiene pessoal e vestiu o pijama.
Já de regresso ao quarto, ouviu o telemóvel vibrar e um
pequeno sorriso apaixonado se instalou no seu rosto. Uma nova mensagem de Zayn
Malik. Sentindo borboletas no estomago e um grande nó na garganta, Débora
carregou no botão abrir.
“ Também te Amo feia <3 E não agradeças, sempre ouvi
dizer que a amizade não se agradece! Nunca me deixes! Xx”
A última frase fez Débora engolir em seco. Parecia que ele
lia pensamentos.
Com as mãos a tremer, começou a digitar.
“Ahah, que amável. Nunca te vou deixar seu gordo! Xx”
- Mentirosa, Débora! Mentirosa! – gritou consigo própria.
Obviamente que ela o ia deixar, não por vontade própria, mas
sim por obrigação. A pobre jovem, sentia-se cada vez pior, parecia que a cada
segundo uma parte do seu mundo se desmoronava, então cansada e farta de tudo,
decidiu ir dormir, ou pelo menos tentar dormir como deve de ser.
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