Zayn encontrava-se claramente confuso. Primeiro, havia visto
Josh sair furioso e minutos depois, vira Alice vir na sua direcção,
completamente calma e tranquila.
- Bem, Zayn meu querido, parece que por esta noite és tu a
companhia da minha filha – disse sorrindo – Portem-se bem e cuida bem dela,
sim?
- Sempre dona Alice, eu Amo a sua filha, é como um irmã para
mim. – afirmou.
- Então, até amanhã, estarei cá logo de manhã para vos vir
buscar. – depositou-lhe um beijo na face
e foi embora.
Após Alice sair, Zayn dirigiu-se para o quarto onde Débora
se encontrava. Entrou, e todos os doentes que lá estavam, já tinham as cortinas
à sua volta fechadas.
- Parece que os
conseguiste convencer. – disse ele quando chegou ao pé dela.
- É…foi fácil…- mentiu, pois não queria contar que o pai lhe
havia batido, apesar de ter ficado com a cara marcada.
- A sério? É que o teu pai saiu furioso…
- Pois, já sabes como ele é…mas convenci a minha mãe…
- Ainda bem. Queres que feche as cortinas?
- Sim, por favor.
Zayn levantou-se e fechou as cortinas. Em seguida, sentou-se
ao lado dela, á beira da cama.
- Como te sentes? – perguntou enquanto segurava numa mexa de
cabelo dela que estava em frente aos seus olhos e punha delicadamente atrás da
sua orelha.
- Bem…acho eu…
- Tu és tão parva, mas eu gosto tanto de ti…- ele disse da
maneira mais normal possível.
- Porquê?
- Porque és…- beliscou-lhe o nariz.
- Não é isso…porque é que gostas de mim?
- Isso não é pergunta que se faça Debs…Não existe
simplesmente uma razão, não é uma coisa que se explique, é uma coisa que se
sente. – respondeu, simplesmente.
- És lindo, sabias?
- Sabia. – afirmou fazendo ar de convencido.
- És mesmo otário…
- Olha quem fala! – gritou sem querer.
- Shiuu, Zayn olha os outros doentes…- disse ela a rir-se
baixinho.
- Ups, esqueci-me ahahaha.
- Esquecido, mais uma para a lista.
- Ui, vê lá se queres que comece aqui a fazer uma listas das
coisas que tu és.
- Está mas é calado. – deu-lhe um leve empurrão no braço,
fazendo com que ele se desequilibra-se e quase cai.se, a sua sorte, foi ela o
ter puxado para si. Mas, Débora puxou-o com demasiada força, demasiada força
para que Zayn quase cai-se para cima de si, demasiada força para que os seus
rostos ficassem praticamente colados.
Débora podia jurar que estava a viver um déjà-vu, pois as
suas testas estavam coladas, assim os seus narizes e os lábios, os lábios estavam
a milímetros de distâncias.
“O que é que estás a fazer Zayn?” dizia a sua própria
consciência “Ela está demasiado perto…estou a ficar sem forças…não vou
conseguir resistir” pensou e em seguida, sem sequer se dar conta, colou os seus
lábios nos dela num beijo profundo.
- Des-desculpa…- pronunciou embaraçado e ofegante, após
terem parado o beijo.
- Não…faz mal…afinal de contas nós sempre demos beijos na
boca. – tentou Débora disfarçar.
- Debs…sabes perfeitamente que isto foi diferente…
- Porquê?
- Os beijos que nós dávamos eram em forma de carinho,
simbolizavam a nossa amizade, eram beijos de ternura como se fossemos irmãos,
não como estes beijos…
- Mas Zayn…
- Estamos diferentes…
-Não estamos nada Zayn, não digas isso. Nada mudou, somos os
mesmo…Amo-te como um irmão…- o coração de Zayn doeu ao ouvir aquilo tanto
quando o dela doeu ao dizê-lo – Este beijo e outro noutro dia na tua casa,
foram simplesmente, coisas do momento, pequenas tentações de adolescentes, mais
nada…
- É…acho que tens razão…- Zayn disse com um pingo de
desilusão na voz.
Um silêncio constrangedor se fez naquele quarto. Zayn por
momentos, tivera um pingo de esperança, um pingo de esperança que ela na
verdade sentisse por ele aquilo que ele estava a sentir por ela, mas pelos
vistos enganara-se.
Aquele momento havia sido constrangedor o suficiente para
fazer com que os dois não trocassem uma única palavra para o resto da noite.
Zayn acabou por adormecer, com a cabeça no peito de Débora.
Débora não aguentou e começou a chorar desesperadamente,
tinha muita coisa presa, tinha muitas emoções entaladas e sobretudo mentiras,
mentiras que acabara de contar para Zayn. Nunca pensara ter que mentir para
ele, não sobre aquilo, não para vê-lo sofrer. Partia-se-lhe o coração por lhe
ter mentido. Ela amava-o, amava-o tanto mas tanto, que tinha que o fazer. Iria
ser muito mais difícil se ela tivesse admitido aquilo que na verdade sempre
sentira por ele, iria ser muito mais doloroso na despedida, para ela, para ele,
para ambos.
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