Débora permanecia a olhar ao seu redor, pensativa, quando os
seus olhos pararam mesmo em frente à porta do quarto. Zayn acabava de entrar e
vinha na sua direcção.
- Então princesa, já pensaste tudo o que tinhas a pensar? –
perguntou sentando-se na cadeira à sua beira.
- Hã?
- A tua mãe disse que querias estar “sozinha” – disse
fazendo o gesto de aspas com os dedos.
- Ah…sim…Eu quero que durmas aqui comigo…
- Eu? Mas, e a tua mãe?
- A minha mãe que vá
para casa…eu amo-a muito, mas eu não tenho paciência para mais sermões, não
hoje, não agora. Eu preciso de ti, eu quero-te a ti, comigo. – disse sem o
encarar.
- Já te disse que és linda? – perguntou ele beijando a sua
testa demoradamente.
- Ficas?
- Duvido que os teus pais concordem com isso, mas não custa
tentar.
- Se eles me querem ver bem, não podem impedir isso.
- Então vá, eu vou lá fora chamar os teus pais para cá
virem, para lhes pedires isso.
- Esta bem…- disse sem vontade.
- Até já tonta. – despediu-se, depositou-lhe um leve beijo
na testa e saiu.
Débora sabia que convencer os pais a deixarem que o Zayn
passasse a noite com ela ali e não a mãe, seria difícil, pelo menos convencer o
seu pai, mas ela tinha que conseguir, ele tinha que permitir.
Nem cinco minutos faziam desde que Zayn havia saído, e já os
seus pais entravam pela porta.
- Então meu amor, o Zayn disse-nos que tinhas algo para
falar connosco. – disse a sua mãe, fazendo uma leve caricia no seu rosto.
- Eu queria pedir-vos uma coisa…
- Mau, tinha que vir porcaria…
- Josh, não sejas assim. – Alice repreendeu-o e Débora
simplesmente ignorou o comentário do pai.
- O Zayn pode ficar comigo, aqui esta noite? – pediu
delicadamente.
- Então e eu filha? – perguntou a sua mãe.
- Tu vais para casa com o pai mãe.
- Tu deves de estar é maluquinha! É que nem penses! – Josh
afirmou em alto e bom som.
- Mas porquê pai!?
- Porque é a tua mãe que tem que ficar aqui, não um rapazeco
qualquer! Deves de pensar que eu sou parvo!
- Um rapazeco qualquer? É o Zayn pai! O ZAYN! Desculpa lá
mas é que só podes mesmo estar parvo! – gritou sem sequer se aperceber do que
havia dito e numa fracção de segundos, sentiu a sua cara a fervilhar com o
estalo que o seu pai acabava de lhe dar.
- Josh! Não estamos sozinhos! – Alice relembrou-o.
- Não quero saber se estamos sozinhos ou não! Ela minha
filha e faltou-me ao respeito!
- Tu nunca foste assim! Eu não percebo o que se anda a
passar contigo ultimamente. Primeiro queres levar-me para longe, queres
distanciar-me do Zayn para sempre e nem sequer me deixas aproveitar o tempo que
ainda cá estou para estar com ele! – Débora tentou gritar, mas em vão, eram
poucas as forças que tinha e acabava de as perder por completo quando o seu
rosto começava a encher-se de lágrimas. O seu pai estava mais uma vez a partir
o seu frágil coração.
- Ela tem razão Josh…
- Mas tu ainda ajudas Alice? Eu muito sinceramente não te
percebo! Ela é uma miúda, ainda é uma criança Alice, uma criança! Quando for
para Portugal há de conhecer novos amigos e esquecer este rapaz!
- Pai! Sai! Por favor…Sai! – Débora pediu delicadamente.
- Desculpa?
- Pai tu ouviste bem, se tens amor à tua própria filha, por
favor…sai daqui…
- Josh, por amor de deus, faz o que ela está a dizer.
- Eu…muito sinceramente…não foi assim que te eduquei…Alice,
estou lá fora à tua espera. – disse e saiu com todos os olhares postos em si.
Após o pai sair, Débora caiu completamente na tristeza. Ela
amava o seu pai, ela amava a sua mãe, e ela amava Zayn. Porque é que o seu pai
não poderia simplesmente perceber que ela o amava, porquê?
- Oh meu amor…tem calma. – Alice disse abraçando-a
- Oh mãe…porquê? Porque é que o pai não percebe? Porque é
que ele não percebe que eu Amo o Zayn? Porque é que ele não percebe que quando
todos me deitam abaixo e me tratam mal, é o Zayn, e só o Zayn que lá está para
não me deixar cair…
- Amor, tu também tens que perceber, que o teu pai está numa
má fase, ele foi despedido e estamos com falta de dinheiro, ele só quer o
melhor para ti, o melhor para nós todos.
- Pois mãe, mas não é o que parece…
- Mas é a verdade meu amor…
- Eu ainda não lhe contei mãe…digo, ao Zayn, que vamos
embora…
- Quando lhe vais contar?
- Não vou…
- Então?
- Não vou aguentar sofrer mais…quanto mais depressa lhe contar,
mas depressa o vou perder, e eu não quero isso…eu já te expliquei…já disse que
de certeza ele vai ficar fulo comigo e nunca mais me vai falar…
- Tu é que sabes meu amor, só espero que mais tarde não te
arrependas.
- Espero o mesmo mãe…
- Bem, a hora das visitas está mesmo acabar, e visto que não
me queres a dormir contigo, eu vou chamar o Zayn. – sorriu-lhe fracamente e
apertou-lhe o nariz ao de leve.
- Obrigada mãe…Amo-te.
- Amo-te filha. – beijou-lhe a testa – Até amanhã, portem-se
bem. – despediu-se e saiu.
Convencer os pais a deixar o Zayn passar a noite consigo,
tinha-lhe custado uma mão marcada na sua cara, mas valeria de todo a pena.
Sem comentários:
Enviar um comentário