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terça-feira, 28 de agosto de 2012

25º Capítulo



Assim que a deixaram em casa, Débora despediu-se da família Malik e entrou.
Ela ainda não podia acreditar, que a pessoa que a havia deitado a baixo com sete pedras na mão, que havia gozado, que a havia feito sentir-se como lixo, que esse monstro, estava a aproximar-se daquele que amava, do seu Zayn. Queria fazer alguma coisa, queria puder conseguir abrir-lhe os olhos para ele perceber que ela não era de todo boa pessoa, mas não podia, não podia simplesmente dizer-lhe que ele tinha que se afastar dela porque ela não era boa pessoa.
- Já chegaste filha! – Alice fê-la acordar dos seus pensamentos ao aparecer na sala – Então, como correu a audição.
 - Bem, ele passou. – Débora respondeu sorrindo fraco e cumprimentado a mãe com um beijo no rosto – O pai?
- Está a acabar de fazer as malas. Quer deixar já tudo pronto, para que amanhã quando chegar a hora não se atrasar.
- Está bem…e o Kevin?
- Está a dormir. Ele começou a chorar por o pai se ir embora amanhã que acabou por adormecer.
- Coitadinho do meu menino.
- E tu meu amor, como estás? – Alice perguntou-lhe reparando no olhar triste que Débora não conseguia esconder.
- Eu estou bem mãe. Vou para o meu quarto, se precisares de alguma coisa, chama-me.
Débora foi para o seu quarto e lá se fechou. Não lhe apetecia ver ou falar com alguém. Só queria estar sozinha, pensar, pensar em tudo, na vida, naquilo em que a sua vida se iria tornar quando se fosse embora, quando tivesse que o abandonar. Naquele momento, ela estava a precisar de desabafar, mas não com alguém. Ela precisava de escrever, escrever tudo aquilo que estava a sentir. Abriu a mesinha de cabeceira, retirou o diário que não mexia há algum tempo, agarrou numa caneta e começou a escrever tudo aquilo que o seu coração precisava de gritar.

“Querido diário…a vida é tão irónica, tão irónica ao ponto de querermos que tudo corra bem,  e quando temos esse desejo, quando temos esperanças de que isso vá acontecer, é quando exactamente o oposto acontece.
Senti-mo vazia, sinto-me sem qualquer tipo de razão para continuar em frente. Eu tenho apenas dezasseis anos, não era suposto sentir-me da maneira que sinto. Sinto-me sem destino, sinto-me sem futuro ou sequer um presente. Sinto que o meu mundo pode desabar a qualquer momento.
Eu amo-o tanto, mas tanto que chego a pensar como é que é possível um sentimento tão forte caber no coração de alguém da minha idade. Não consigo perceber, não consigo entender que grande mal fiz eu a deus para merecer isto, para merecer todas estas coisas sem um pingo de bondade que me têm acontecido.
Eu já nem peço por um corpo perfeito, já não peço por uma aparência perfeita, mas…eu queria apenas ser feliz, queria apenas nem que fosse por meros minutos, sentir que a minha existência tem qualquer razão de ser. Infelizmente, não sinto, não sinto nada disso. Tudo aquilo que sinto, é uma enorme tristeza, o maior vazio, a maior vontade de chorar apodera-se sobre mim, as lágrimas que teimam em cair por longos tempos, não consigo agora continuar a impedi-las de serem livres, não posso, não tenho esse direito, não quando tudo o que eu quero é ser livre, ser feliz.
Se ao menos ele soubesse, se ao menos ele compreende-se, se ao menos ele estivesse agora aqui, ao meu lado a abraçar-me e a sussurrar que tudo vai ficar bem.
Palavras nunca serão suficientes para descrever como eu me sinto, para descrever o tamanho da incerteza que guardo dentro de mim por muito tempo.
Neste momento, neste exacto e preciso momento, a única certeza que tenho…é que o Amo mais que tudo e que abandoná-lo é a última coisa que quero neste mundo.”

Débora perdeu até as forças para continuar a escrever. A cada dia que passava, sentia-se mais fraca, sentia-se mais incapaz de se tornar alguém, de se tornar num ser vivo. Sim, muitas vezes ela sentia-se tão vazia que parecia que não vivia.
E quando pensava tudo aquilo, ela dava-se conta que estava a ser a pessoa mais injusta de todo o sempre, pois para alguém como ela, ter o Zayn do seu lado era dos maiores privilégios. Mas era ai, era ai que se encontrava o maior erro, era ai que se encontrava o mal da raiz. Ela tinha-o do seu lado, mas dentro de algumas semanas, deixaria de o ter, e não seria por culpa dele. A culpa seria inteiramente dela, ela seria a covarde, a otária que o iria abandonar e sem sequer se dignar a avisá-lo antecipadamente. Mas ela não conseguia, não conseguia simplesmente chegar junto dele e dizer-lhe que em breve iria partir, partir para outro país, para outro lugar, partir para um sítio bem longe dele, partir para um sitio bem longe de onde o seu coração se encontrava.
Mais uma vez, Débora sentiu-se um lixo, um completo lixo. Jogou o diário com força para o chão e deixou-se cair encostada à cama. Deixou que mais lágrimas se apoderassem do seu rosto, lágrimas sem fim, sem qualquer tipo de fim. Aquilo tornava-se uma rotina sua, tornava-se um hábito, um vicio. Dizem que aquilo que não cabe no coração, escorre pelos olhos e ali estava, nela, encontrava-se a maior prova de que essa frase, era a maior das verdades já alguma vez dita.
Nada, nada mais caberia naquele coração que já se encontrava tão apertadinho, tão destruído, partido e separado por pedacinhos tão frágeis.
Uma hora passou-se e Débora ainda se encontrava sentada no chão, com as costas encostadas à cama e os braços à volta dos joelhos encolhidos. Lágrimas ainda brotavam dos seus olhos, mas felizmente, já não vinham com tanta violência como as anteriores.
- Débora? Filha? – Débora tentou conter o choro ao ouvir a voz da sua mãe do lado de fora da porta.
- S…sim, mãe? – Débora tentou soar normal.                                                                      
- Está tudo bem? Porque é que estás trancada?
- Está tudo óptimo mãe. Só estou trancada…porque já é um vicio…-inventou a pior desculpa que lhe veio à mente.
- Hum…bem, preciso de ajuda a por mesa meu amor, vem ajudar-me enquanto eu faço o jantar.
Débora apenas respondeu um pequeno sim. Levantou-se cansada, cansada de chorar. Limpou o rosto com as mãos e quando verificou se os seus olhos não estavam inchados o suficiente para que ninguém notasse que ela havia chorado por mais de uma hora, saiu do quarto.
Assim que chegou à sala, deparou-se com o seu pai a ver televisão.
- Então, o rapaz passou ou quê? – o seu pai perguntou quando deu pela sua presença.
- Hã? – Ela perguntou confusa.
- Se o Zayn passou na audição rapariga!
- Ah, sim…passou pai!
- Dá-lhe os parabéns por mim.
- Tudo bem.
Débora dirigiu-se para a cozinha, pegou nos pratos, nos copos e nos talhares e começou a por a mesa enquanto a sua mãe fazia o jantar.
Nem uma única palavra fora pronunciada naquele momento e até ao jantar.
Quando chegou a hora de jantar, ela encarregou-se de ir chamar o seu irmão.
- Kevin? – ela chamou-o enquanto batia à porta.
-Mana! – ele felicitou-a e correu para a abraçar – o pai já vai embora amanhã! – disse triste.
- Eu sei meu amor.
- Não estás triste? – ele perguntou-lhe.
- Sim…- nem ele sabia o quanto – Mas bem, vamos jantar.
- Está bem. – Kevin respondeu, deu a mão á irmã e os dois seguiram para a sala de jantar.
A refeição foi calma, silenciosa. O único som ouvido, eram pura e simplesmente as respirações profundas de todos.
Débora tinha vontade de gritar, de gritar para o pai e pedir-lhe por tudo que ele não a obrigasse a ir para Portugal. Mas, infelizmente ela não podia, não poderia fazer isso, caso contrário ela seria obrigada a fazer as malas e com toda a certeza ir embora com ele logo no dia seguinte.
Sentia a sua família cada vez mais distante, cada vez mais além.
Logo após acabarem de jantar, Kevin foi para o seu quarto, Josh foi deitar-se porque teria que acordar cedo e Débora ficou a ajudar a sua mãe a arrumar as coisas.
- O pai não vai mesmo mudar de opinião, pois não mãe? – ela ganhou coragem e perguntou.
- Não meu amor, ele já tomou a decisão e está mais do que tomada. Daqui a menos de dois meses, estamos nós e o teu irmão a embarcar para Portugal. Lamento. – Alice afirmou olhando triste para Débora.
 - A culpa não é tua mãe…a culpa não é de ninguém. – Débora ditou e mais nada foi pronunciado.
Assim que acabaram de arrumar tudo, Débora depositou um beijo na testa de Alice e foi para o seu quarto.
Estava cansada, havia sido um dia difícil, cansativo e na manhã seguinte teria que acordar cedo para s despedir do pai. O melhor, seria ir dormir e foi isso que fez, mas não sem antes mandar uma mensagem de boa noite a Zayn.

“Só queria desejar-te uma boa noite. Não me disseste mais nada hoje…bem, vou dormir porque vou acordar cedo para me despedir do meu pai. Dorme bem, Amo-te xx.” Digitou e clicou enviar.
Pousou o telemóvel na mesa-de-cabeceira, vestiu o pijama e deitou-se na esperança de conseguir adormecer o mais rápido possível.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

24º Capítulo




Assim que entrou dentro do edifício, assim que subiu ao palco, assim que viu centenas de pessoas a observá-lo, Zayn sentiu-se nauseado. Mas o pior, o pior foi quando deu conta de quem estava bem na sua frente. Louis Walsh, Nicole Scherzinger e o grande Simon Cowell, foi ai, foi nesse momento, que Zayn sentiu que estava a sonhar.
- Olá! Qual é o teu nome? – Simon perguntou-lhe fazendo-o acordar do seu transe.
- O meu nome é Zayn. – Zayn respondeu nervoso levando o microfone que tinha em mãos à boca.
- Zayn, o que vais cantar? – Simon voltou a perguntar.
- Vou cantar “Let me love you” de Mario.
- Ok. – Simon afirmou e logo em seguida Zayn começou a cantar.

“You're the type of woman (deserves good things)
Fistful of diamonds (hand full of rings)
Baby you're a star (I just want to show you, you are)”

Nos bastidores, juntamente com a mãe e irmãs de Zayn, encontrava-se uma Débora nervosa, uma Débora ansiosa, e acima de tudo uma Débora orgulhosa, orgulhosa daquele que tanto amava, daquele a quem o seu coração pertencia. Sem conseguir conter os seus sentimentos e quão emocionada estava, ela começou a chorar.

“You should let me love you 
Let me …”

Simon fez sinal para que Zayn parasse de cantar e ele assim o fez.
- Louis, sim ou não? – Simon interrogou-o.
- Hum…SIM! – Louis respondeu.
- Obrigada. – Zayn agradeceu nervoso.
- Nicole…
- Sim…- Nicole respondeu. A sua cara não escondia o quão emocionada ela havia ficado, o quanto ela tinha gostado da voz de Zayn.
- Obrigada. – Zayn agradeceu de novo.
- Zayn…eu vou dizer sim. – Simon afirmou e toda a plateia aplaudiu, gritou.
- Muito obrigada! – Zayn agradeceu uma última vez e saiu do palco.
Assim que chegou aos bastidores, Zayn foi recebido por imensos abraços, abraços apertados da mãe e das irmãs.
Débora não tinha reacção, ela encontrava-se estática, a chorar, a chorar de orgulho, de felicidade. Não conseguia perceber, como é que ele podia ser assim, como podia existir alguém como ele. Com todas as qualidades que ele tinha, com todos aquelas imperfeições que o tornavam tão perfeito, como é que alguém como ele podia ter aparecido assim na vida dela.
- Debs…- Zayn chamou-a olhando para ela – Debs, estás bem? – perguntou preocupado.
Débora abanou a cabeça negativamente e num movimente repentino jogou-se nos braços dele. Ele rapidamente a abraçou. Era incrível ver o quanto ambos se gostavam e o quanto parvos estavam a ser ao desperdiçar esse tão belo sentimento. Isso, aos olhos de Patrícia. Ela, assim como as restantes irmãs e a sua mãe, olhavam para os dois, maravilhadas.
Após quebrarem o abraço, Zayn depositou um pequeno beijo na testa de Débora.
- Parabéns! – foi a única palavra que Débora conseguira pronunciar antes de começar a chorar novamente. Desta vez não fora apenas Zayn que a abraçara, fora a sua família toda. Um abraço de grupo, como aquilo sabia bem.
Patrícia tinha quase a certeza de que sabia a razão pela qual Débora tanto chorava. A verdade é que ela estava sim emocionada, orgulhosa de Zayn, mas não era apenas isso. Débora também chorava, porque se apercebia que quando chegasse a hora de ir para Portugal, iria perder tudo aquilo, todos aqueles momentos, todos aqueles toques. Ela iria perdê-lo, provavelmente para sempre.
- Tu tens o X-Factor mano! – Safaa gritou contente fazendo todos rirem, logo após quebrarem o abraço.
- Ai é minha tonta? – Zayn brincou pegando nela ao colo.
- Sim! Tu vais ganhar!
- Ouve a tua irmã filho, ouve-a que ela tem sempre razão. – Trisha afirmou rindo.
Ainda com Safaa ao colo, Zayn entrelaçou a sua mão que estava livre com a de Débora e logo em seguida foram-se embora.
Já no carro, a caminho de casa, Zayn lembrou-se da rapariga que havia conhecido.
- Acham que devia de mandar mensagem à Geneva a dizer que passei? – perguntou no geral.
- Não! – Patricia respondeu de imediato não dando oportunidade de mais ninguém responder.
- Porque não? – Zayn perguntou confuso.
- Não gostei dela!
- Não percebo…ela não te fez mal nenhum, mal falaste com ela.
- Tudo bem, mas não gostei dela na mesma.
- Então Patricia, para que é isso agora? – Trisha perguntou-lhe.
- Queres saber? Vou mandar-lhe mensagem. – Zayn afirmou e agarrou no telemóvel.
Patricia estava a dizer a verdade, não havia de facto gostado de Geneva e tinha as suas razões. Ela sabia, ela sabia que apesar do seu irmão estar apaixonado por Débora, que ele iria cair nas cantadas dela se ela deixasse, ainda para mais sem Débora admitir que gostava dele. O pior seria quando Débora se fosse embora, ela nem queria pensar nisso, ele iria ficar devastado, iria sentir-se tão mal que provavelmente procuraria qualquer uma para um caso de noite.

“Olá Geneva! Daqui é o Zayn, o rapaz que conheceste há algumas horas nas audições. Bem, só queria dizer-te que passei e perguntar-te como correu a tua! E…é isso xx” Zayn digitou e carregou enviar.
Débora que permanecia calada, sentia o seu coração acelerar, e por vezes chegava a pensar que ele estava parado de tão rápido que batia. Sentia-se um lixo cada vez que ouvia Zayn pronunciar o nome de Geneva. Sentia-se como se ela própria já não importasse para ele. Sabia, sabia que isso era extremamente ridículo, mas era como se sentia, e ninguém a podia julgar pelos seus sentimentos. Mas, pior ainda se sentiu, quando ouviu o telemóvel de Zayn tocar.
- Olá Geneva! – Zayn falou entusiasmado – Passaste? Muitos Parabéns! Sim, sim! Temos que combinar alguma coisa pois! Uma festa de comemoração? Hum…parece-me bem? Onde? Tudo bem, eu levo alguns amigos e tu levas alguns dos teus! Fica combinado! Até, beijos! – despediu-se e desligou.
- Então, o que é que vocês já andaram para ai a combinar? – perguntou Trisha sem tirar os olhos da estrada.
- Uma festa de comemoração num bar! Depois de amanhã à noite! Debs, é para vires! E vocês também meninas! – Zayn afirmou.
 - Hum…não sei, o meu pai vai amanhã embora para Portugal…- Débora respondeu desanimada. Era verdade que o pai se ia embora, mas a verdadeira razão pela qual ela não queria ir, era Geneva.
- O teu pai vai para Portugal, querida? – Trisha perguntou surpreendida.
- Sim mãe, eu depois explico-te! E Debs, nem penses, por essa mesma razão, tens que te entreter! Vens connosco e não se fala mais nisso! – Zayn disse convicto.
 - Está bem…- Débora não teve como recusar, não pedido por ele.
- Queres que te leve a casa? – Trisha perguntou-lhe.
- Sim por favor. Como o meu pai amanhã vai embora, quero passar esta dia com ele.
- E fazes tu muito bem.
E mais nenhuma única palavra fora trocada dentro daquele carro, enquanto Trisha seguia caminho até casa de Débora.

domingo, 26 de agosto de 2012

23º Capítulo



Ao chegar junto de Zayn, Débora deparou-se com algo que não estava à espera. Junto a ele, a conversar animadamente, encontrava-se a rapariga que há minutos atrás a tinha rebaixado como tudo na casa de banho.
Assim que a avistaram, Zayn sorriu, agarrou na mão de Geneva e aproximou-se de Débora.
- Hey Debs, esta é a Geneva, uma rapariga super simpática que conheci há minutos. – Zayn apresentou-as.
- Olá Geneva. – por muito que lhe custasse, por muito que doe-se, Débora fingiu, fingiu que não a conhecera e deu-lhe um sorriso amarelo.
- Olá Debs. – Geneva cumprimentou sorrindo, mas receando que Débora contasse o que se passara na casa de banho. Para seu alívio, isso não aconteceu.
- Débora. – Débora não queria ser rude, não à frente de Zayn, mas nunca iria permitir que aquele monstro sem coração a trata-se pela alcunha que Zayn lhe havia dado – O meu nome é Débora.
- Ah ok, Débora. – Geneva sorriu novamente, mas desta vez um sorriso cínico.
Zayn e a sua família, ficaram confusos com aquele estranho momento entre as duas jovens, mas nada disseram. Logo em seguida, Zayn e Geneva voltaram a conversar animadamente enquanto Débora começava a sentir-se perdida, devastada e acima de tudo humilhada, humilhada porque por mais parvo que parecesse, sentia que estava a perder o melhor amigo para um monstro.
Tudo bem, ela merecia, afinal de contas ela estava prestes a abandoná-lo sem sequer o avisar antecipadamente.
Por mais que ela quisesse pensar assim, que merecia, merecia que ele a magoasse, não conseguia, não podia simplesmente aguentar vê-lo ali, a falar tão animadamente, a tornar-se tão cúmplice daquela, daquela que a havia feito chorar por longos minutos, daquela que a havia rebaixado com horríveis adjectivos.
Ao aperceber-se que Débora não se estava a sentir bem com a proximidade de Zayn e Geneva, Patricia abraçou-a disfarçadamente.
- És melhor que ela. – Patricia sussurrou-lhe ao ouvido. Mal sabia ela o quanto estava certa. Para Débora não haviam dúvidas, de que ela própria, e qualquer outra pessoa ali, conseguia ser melhor que aquele monstro.
Débora só não percebia, como é que Geneva conseguia ser tão falsa ao ponto de estar ali aos sorrisinhos e a fazer-se de simpática.
Já Zayn, sentia-se completamente relaxado ali, a falar com Geneva, a descobrir aquela maravilhosa pessoa, ou, a maravilhosa pessoa que ele pensava que ela era.
Se Zayn soubesse, fizesse sequer a pequena ideia do que se havia passado na casa de banho, nunca teria falado com Geneva, nunca lhe teria dirigido a palavra. Infelizmente, ele não sabia e do que dependesse de Débora nunca iria saber. Não que a Débora não quisesse aquela víbora longe dele, mas simplesmente porque estava farta de vê-lo a defendê-la, estava farta de sentir que ele tinha pena dela, estava farta de que todos a tratassem como a coitadinha que é gozada por todos por culpa do seu peso.
Pouco tempo depois, apareceu finalmente o homem com os números de participantes e entregou um a Zayn e outro a Geneva. Para sorte de Débora, a pessoa que estava atrás deles na fila, reclamou que Geneva havia passado à frente e que já lá se encontrava antes dela. O homem obrigou então Geneva a ir para o final da fila.
- Bem, parece que é a minha deixa. – Geneva afirmou fazendo cara de desagradada.
- Deixa lá, vemo-nos por ai. – Zayn disse-lhe e sorriu fraco. Ele havia mesmo gostado de a conhecer.
- Espera, dá cá o teu telemóvel. – Geneva pediu-lhe. Zayn olhou-a confuso mas logo em seguida entregou-lhe o telemóvel – Pronto, aqui tens o meu número. Depois manda-me mensagem a contar como correu a tua audição e eu conto-te a minha. – ela afirmou após digitar o seu número de telefone no dispositivo móvel de Zayn. Este assentiu com a cabeça, pegou no seu telemóvel e Geneva foi para o final da fila.
- Então Zayn, parece que acabaste de fazer uma nova amizade. – Trisha afirmou sorrindo.
- É mãe, parece que sim. Gostei imenso dela, pareceu-me super simpática. – Zayn afirmou sorrindo abertamente. Mal ele sabia o quanto isso soava irónico aos ouvidos de Débora.
Depois daquele momento, mais nenhuma palavra fora proferida naquele grupo de família. Agora, era apenas esperar que chegasse a vez de Zayn arrasar.
Duas horas já se haviam passado e Zayn via enumeras pessoas a sair. Umas com boas caras, caras felizes, contentes, outras que nem por isso.
O nervosismo voltava agora a consumir o todo o seu interior e Zayn só tinha vontade de deitar o pouco que havia comido, para fora. Olhou de rompante para Débora que se encontrava bem do seu lado. Os olhos dela encontravam-se sem brilho a olhar para nenhures. Rapidamente ele baixou o seu olhar para os lábios dela. Oh deus, aqueles lábios, aqueles lábios que o metiam doido, aqueles lábios que o faziam consumir-se de desejo de os tocar com os seus, de os colar num beijo longo e profundo. Na verdade, era mesmo disso que ele precisava, de um beijo, um beijo dela. Não de um daqueles beijos que eles davam enquanto amigos, mas sim um daqueles beijos, daqueles verdadeiros beijos.
A sua mão esquerda procurou a mão dela e num gesto desesperado ele apertou-a, apertou-a como se não houvesse amanhã. Débora retribuiu o gesto para que ele se sentisse mais confiante, seguro, o que de facto resultara. Ela olhou para ele, ele olhou para ela e ambos sorriram, sorriram tão pura e verdadeiramente. Aqueles seriam sem dúvida os sorrisos mais verdadeiros que alguém alguma vez havia visto.
Patricia que olhou para eles de relance, não pôde evitar sorrir. Ali, naquele momento, ela não tinha qualquer dúvida do quanto aqueles dois se amavam e do quanto estavam apaixonados.
Passados uns trinta minutos, o número que Zayn tinha colado à sua camisola, era agora chamado. O coração dele acelerou tanto, que ele já não tinha a certeza se ainda batia.

sábado, 25 de agosto de 2012

22º Capítulo



Logo após chegar perto da família e ainda com a sua mão agarrada à de Geneva, Zayn deu pela falta de Débora.
- Onde está a Debs? – perguntou olhando à sua volta para ver se a via.
- Foi à casa de banho. – respondeu Trisha calmamente – E tu filho, onde te meteste?
- Fui dar uma volta. Bem, mãe, manas, esta é a Geneva, uma rapariga que conheci há poucos minutos. Geneva, esta é a minha mãe, e as minhas quatro irmãs. – Zayn disse e em seguida apontou para Patricia -  esta doida aqui é a minha gémea.
- Realmente vocês são super parecidos. – Geneva constatou.
Após as apresentações feitas, Zayn apercebeu-se que a sua mão ainda estava bem colada à de Geneva e num gesto embaraçoso descolou-a fazendo com que Geneva cora-se.
- A Débora está a demorar imenso tempo, é melhor alguém ir ver dela, não vá ter-se perdido por ai. – afirmou Trisha.
- Eu vou! – ao contrário do que era esperado, foi Patricia quem se pronunciou e não Zayn.
- Vais filha? – perguntou-lhe Trisha olhando de seguida desconfiada para Zayn que conversava animado com Geneva.
Patricia partiu-se-lhe o coração ao ver aquela cena. Para muitos podia não ser nada demais, mas para ela, que sabia agora toda a história de Débora, era muito e estava com o coração apertadíssimo. Era como se ao conhecer aquela rapariga, Zayn tivesse deixado de pensar em Débora, tivesse deixado de se importar. Mas, não podia ser, afinal de contas eles conheciam-se apenas há alguns minutos, ele estava simplesmente a tentar relaxar.
- Vá lá Patricia, estás só a fazer filmes, só a fazer filmes. – Patricia disse mentalmente e seguiu caminho à procura de Débora.
No WC feminino daquele estabelecimento, encontrava-se uma Débora devastada, perdida, a morrer por dentro. Encontrava-se uma Débora sentada no chão, trancada num compartimento a chorar, um choro que parecia não ter fim.
Enquanto a sua cara se encontrava escondida entre os joelhos, as mãos puxavam os seus cabelos com força enquanto fortes lágrimas brotavam dos seus olhos e aquelas palavras cruéis ecoavam na sua mente.
***
Assim que chegou à casa de banho e abriu a porta, Débora constatou que todos os compartimentos se encontravam ocupados. Decidiu então esperar que houvesse alguma vaga. Passados poucos segundos, a porta do compartimento em que Débora se encontrava encostada, abriu-se batendo nela com toda a força.
- Auch! – Débora gritou de dor agarrando no seu nariz.
- Ninguém te mandou meteres-te à frente da porta…GORDA! – a rapariga que acabara de lhe dar com a porta na cara afirmou ao olhar Débora dos pés à cabeça e dirigiu-se para o lavatório.
Débora olhou-a perplexa sem querer acreditar no que acabara de ouvir.
- Mas olha lá…tu estás a olhar para onde seu monstro?! – a rapariga perguntou notoriamente enraivecida virando-se para Débora – Pessoas como tu não deviam de existir! Desaparece  criatura! – disse pela ultima vez atirando com a agua que ainda tinha em mãos para a cara de Débora e saiu.
Após ouvir todas aquelas afirmações, todos aqueles insultos, Debora ficara sem reacção, Débora ficara pura e simplesmente surpreendida a olhar para a porta. Ao longo dos segundos, foi descendo à terra e assim que se apercebiu do que tudo o que ouvira era verdade, não pôde evitar que uma lágrima brotasse dos seus olhos. Logo após essa primeira lágrima, veio outra, e outra e muitas mais chegavam sem parecer haver qualquer tipo de fim para aquele sentimento, para aquela dor horrível que Débora sentia no seu peito.
***
Débora continuava ali, sentada no chão, a chorar agarrada aos seus joelhos que com certeza já estariam cheios de marcas de tanto que ela os apertava. O seu choro acalmou, quando lhe pareceu ouvir uma voz conhecida.
- Debs? Debby? Estás aqui? – Patricia perguntou ao entrar no WC – Debs?!
Débora não respondeu, em vez disso, deixou que o seu choro fala-se por si e não conseguiu conter os soluços que há muito pediam por vir.
- Débora? És tu? – Patrícia perguntou preocupada aproximando-se da porta do compartimento onde Débora se encontrava.
Não foi preciso qualquer tipo de resposta para que Patricia percebesse que aquele choro, era daquela a quem o coração do seu irmão pertencia.
Sem fazer qualquer pergunta, Patrícia sentou-se encostada à porta do lado de fora e estendeu a mão para a parte de dentro, para que Débora a agarrasse. Sem hesitar, Débora assim o fez.
Passados uns bons cinco minutos de silêncio, Débora largou a mão de Patricia, acalmou o choro o quanto conseguiu, levantou-se e abriu a porta. Assim que encontrou Patricia à sua frente, imediatamente se atirou para cima dela num abraço profundo. Um abraço, um abraço apertado era tudo o que ela precisava naquele momento.
- Não sei o que possas ter visto, ou o que possa ter acontecido, mas só quero que saibas que para qualquer coisa, eu estaria aqui, para qualquer coisa. – Patricia afirmou ainda abraçada a Débora, dando enfâse à penúltima palavra.
Débora ficara desconfiada com a afirmação dela, desconfiada e confusão. Patricia com toda a certeza não assistira àquela cena na casa de banho, então, do que estaria ela a falar?
Após um longo e apertado abraço, as lágrimas que pareciam não ter fim, secaram e Débora esfregou o rosto com as mãos. Olhou-se ao espelho, estava realmente num estado lastimável. Passou a cara por água para disfarçar o inchaço, agarrou na mão de Patricia e saíram dali.
Assim que chegaram perto de Zayn e das restantes Malik, tal não foi o espanto de Débora, ao ver aquela imagem bem na sua frente.

Próximos Capítulos

Hey Gente :) Bem queria apenas avisar-vos que já tenho mais 2 capítulos escritos mas só irei publicar o próximo quando o 21º tiver comentários suficientes :) Obrigada xx

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

21º Capítulo

*Nota do Capítulo: Espero não vos desiludir com nada. Acho sinceramente que este foi um dos piores capítulos que escrevi, peço desculpa, ainda assim espero que gostem, e comentem. Muito obrigada xx

___________

Assim que a família Malik e Débora chegaram ao local, aquilo que puderam avistar fora simplesmente uma multidão de gente, sem exagero, ali estariam muito mais do que mil pessoas. Com todas aquelas pessoas, o coração de Zayn apertou-se enquanto um medo enorme se apoderou de todo o seu corpo. Ao aperceber-se disso, Débora rapidamente o abraçou e isso fê-lo sentir-se mais confiante, confortável, seguro de si próprio.
Afinal de contas, Zayn tinha todos aqueles que amava, à excepção do seu pai que por motivos óbvios não poderia comparecer, ao seu lado, a apoiá-lo. Não poderia com certeza pedir por coisa melhor.
Débora ainda estava abraçada a ele, enquanto todos se dirigiam para o final da enorme fila de pessoas. Ele apertou-a mais contra si para puder sentir-se ainda mais confiante, para puder sentir que era capaz, que conseguiria fazer aquilo. Era incrível o puder que ela tinha sobre ele.
Para ele, tudo aquilo era novo, uma nova experiência e estava demasiado aterrorizado com a imensidão de pessoas. A quantidade de pensamentos negativos que lhe iam na mente era demasiado grande.
- Filho, pára de bater as pernas, estás a pôr-me nervosa. – Trisha falou ao ver Zayn a fazer movimentos estranhos com a perna repetidamente enquanto ainda era abraçado por Débora.
- Ai mãe, estou nervoso! – afirmou remexendo-se – Acho que vou dar uma voltar para desanuviar…sozinho! – afirmou largando Débora e vendo na expressão do seu olhar que ela fazia intenções de ir com ele – Fiquem aqui para ver se aparece alguém para dar o meu numero de concorrente. – pediu e afastou-se da família, sozinho.
A família entreolhou-se confusa enquanto Débora permaneceu a olhá-lo simplesmente. Ela sabia, tinha a certeza absoluta do que ele ia fazer e ela não queria mesmo ver.
Já um pouco distante da família, e num sítio calmo com pouca gente, Zayn tirou o maço de tabaco e o isqueiro que trazia no bolso traseiro. Retirou um cigarro, acendeu-o, pô-lo na boca e guardou o maço e o isqueiro. Não queria, não queria fazer aquilo a Débora, nunca quisera quebrar a promessa que lhe fizera, mas ali, naquele momento e no estado em que se encontrava, ele precisava, precisava para se acalmar, para relaxar.
Enquanto se entretinha a fumar e perdido nos seus pensamentos focando uma arvore enorme a alguns metros de distância de si, alguém embateu nele fazendo o cigarro cair.
- Ai! Desculpa! Queimei-te? – perguntou Zayn preocupado olhando para o braço da rapariga que acabara de ir contra ele e pisando o cigarro ainda aceso no chão.
- Ah, não foi nada. E, desculpa-me eu, estava distraída e não te vi. – disse a rapariga sorrindo para ele – Geneva, Geneva Lane. – a rapariga apresentou-se estendendo-lhe a mão.
- Desculpa? – Zayn perguntou confuso após acordar do seu transe mental. A verdade era que não conseguia parar de olhar para a rapariga, ela tinha a seu ver, o rosto completamente perfeito e aquele sorriso que não desaparecia por nada estava a fazer com que ele quase se baba-se.
- O meu nome é Geneva, e o teu é…- repetiu a jovem ainda com a mão estendida.
- Ah, desculpa. Chamo-me Zayn. – Zayn estendeu-lhe a mão e ela apertou-a.
- Então, também vens para a audição, Zayn?
- S-sim…- respondeu nervoso ao lembrar-se porque estava ali.
- Não me pareces muito convencido. – ao fazer aquela afirmação, Geneva fez uma cara engraçada que Zayn não pôde evitar rir – Bem, ao menos já te fiz rir.
- É só que…estou nervoso, nada mais. Então e tu, também vens fazer a audição? – Zayn perguntou mais tranquilo encostando-se à parede que tinha atrás de si. Geneva repetiu-lhe o gesto.
- Sim, e não te preocupes que não és o único nervoso. Na verdade, a pessoa que for fazer a audição e não estiver nervosa é porque não se importa minimamente. O nervosismo é sinal que nos preocupamos, que nos importamos. – Geneva afirmou e Zayn sorriu-lhe.
- Tens razão.
- Agora, não acho que isso que estavas a fazer te vá fazer bem à voz. É a minha opinão. – disse e fez novamente uma cara engraçada.
- Não és a primeira a dizer isso. – ao fazer tal afirmação, Zayn lembrou-se de Débora, lembrou-se do seu rosto e do quanto a amava. Era estranho, pois ultimamente ele não conseguia tirá-la da sua mente nem por um segundo, mas assim que Geneva fora contra ele, foi como que por meros minutos ela não estivesse tão presente na sua mente.
- A tua mãe?
- Desculpa? – Zayn perguntou confuso.
- Se foi a tua mãe que te disse o mesmo.
- Ah, não. Aliás ela não sabe disto, sabia até eu supostamente ter parado, mas agora não. Quem me disse o mesmo foi…a Debs. – não pôde evitar sorrir ao pronunciar aquele nome.
- Debs? – Geneva perguntou curiosa.
- É, é a minha melhor amiga, como uma…irmã para mim. – Zayn afirmou, tentando que aquele facto entrasse de vez na sua cabeça. Débora não passava disso, não podia passar de sua melhor amiga, de sua irmã. O pior, era que o seu coração queria o contrário, queria que ela fosse muito mais do que isso.
- Ela veio contigo?
- Sim, ela e a minha família quase toda. Anda – Zayn disse e agarrou na mão de Geneva sem pensar – vou apresentar-ta. – assim que acabou a frase, Zayn arrastou Geneva para perto da sua família.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

20º Capítulo



O barulho das precianas a abrir e o reflexo do sol nos seus olhos, fez com que Zayn despertar-se mais depressa. Abriu os seus belíssimos olhos e deparou-se com Débora de pé à sua frente.
- Hora de acordar dorminhoco! – ela afirmou contente – Hoje é o grande dia!
- Ai meu deus! – Zayn levantou-se num ápice assustado – Que horas são?
- Tem calma! Ainda é cedo, são oito. – Débora respondeu rindo da reacção do melhor amigo.
- Que susto! – Disse Zayn levando a mão ao peito – Vou começar a despachar-me. O resto do pessoal já está acordado? – perguntou levantando-se da cama e depositando um beijo na testa de Débora.
- Não sei, ainda não sai do quarto, mas já devem de estar a pé. – Débora respondeu.
Enquanto Zayn se ia despachando e vendo se faltava alguma coisa, Débora ajudava-o e arrumava um pouco do quarto que se encontrava uma tremenda confusão. Quando abriu a gaveta das meias e remexeu para compor minimamente as coisas, Débora achou algo fora do normal. Agarrou nos objectos que tinha à sua frente e virou-se perplexa para o Zayn.
- Za…Zayn, o que é isto? – ela perguntou séria à espera que ele a encarasse.
- Debs…dá cá…era mesmo disso que eu estava a precisar! – Zayn sem sequer se dar conta que Débora havia descoberto o seu pequeno segredo e tirando o maço de tabaco e o isqueiro das mãos dela – Ups…- Falou quando se apercebeu do que acontecera – Não é o que estás a pensar eu…
- Zayn Malik, tu prometeste-me que não voltavas a fumar! – Ela falou mais séria que nunca a olhar para ele.
- E  não voltei só que…
- Não me mintas!
- Não estou a mentir Debs!
- Ora Zayn, és o meu melhor amigo, conheço-te há cinco anos…
- Pronto…está bem, mas só quando estou nervoso demais ou algo parecido, e eu hoje preciso, preciso imenso disso, por favor! – implorou-lhe olhando-a profundamente nos olhos, o que fez com que ambos se perdessem em pensamentos e se esquecem-se do que falavam na realidade.
Aquilo estava acontecer demasiadas vezes e na mente de ambos, tinha que acabar, para o bem dos dois, para o bem de ambos os corações.
- Zayn…- Débora acordou finalmente do transe trazendo Zayn consigo de volta à realidade – sabes o quanto em aflige ver-te a estragares assim a tua vida…
- Por amor de deus…são apenas cigarros.
- Cigarros que podem provocar a morte! Tu ainda és tão novo Zayn…e tu prometeste-me, tu prometeste-me que nunca mais voltavas a tocar nessa…porcaria…- Débora afirmou, agora triste, ressentida por saber que ele havia quebrado uma promessa que lhe havia feito.
- Eu sei amor só que…- tentou desculpar-se agarrando na sua cintura, mas ela afastou-o.
- Queres mesmo passar nesta audição? Queres mesmo seguir este teu sonho de ser cantor?
- Que pergunta…óbvio!
- É bom que saibas que essa porcaria, essa ARMA que tens em mãos, te vai estragar a voz e que mais cedo ou mais tarde te vai arruinar! – Débora afirmou sabendo que a agressividade das suas palavras o poderiam magoar, mas ela tinha que o alertar, mais uma vez, as vezes que fossem precisas para ele parar com aquele vício assassino.
- Bolas Débora! Estás a pôr-me mais nervoso! – Zayn disse irritado e sem pensar guardou o maço e o isqueiro no bolso traseiro das calças que já havia vestido.
Débora olhou-o negativamente surpreendida por aquele seu ultimo acto e um silêncio constrangedor tomou conta daquele quarto enquanto ambos continuaram a despachar-se.
Zayn  tinha aquele vicio de fumar desde os seus treze anos. Começara por incentivo de más companhias da altura e nunca mais conseguira parar. Quando conhecera Débora, esse fora um dos maiores defeitos que ela achara nele e que sempre havia tentado mudar, tanto que houve uma certa altura que para, de certa forma a calar com aquilo, Zayn lhe fizera uma falsa promessa, a falsa promessa de parar de fumar.
Matava-a por dentro saber que ele fazia aquilo consigo próprio, saber que ele se estava a suicidar aos bocados, porque parecendo que não, os fumadores são suicidas involuntários, quer queiram, quer não. O tabaco é uma arma mortal para qualquer ser humano.
Débora tentou esquecer aquele pequeno episódio e fui para a casa de banho vestir-se. Assim que se encontrou pronta, saiu. Ao sair, Débora deparou-se com Zayn já pronto, sentado na sua cama cabisbaixo. Lentamente aproximou-se e sentou-se do seu lado.
- Hey, que se passa? – Débora perguntou preocupada junto ao seu ouvido provocando nele um arrepio interno até à ponta dos dedos dos seus pés.
Zayn não lhe respondeu, simplesmente deixou-se ficar perdido nos seus pensamentos e como a sua cabeça andava numa grande reviravolta ultimamente.
- Vá lá Zayn. Se é por aquilo de à bocado…esquece- Débora disse o que não queria dizer para ver se o fazia sentir-se melhor, porque na realidade, ela não queria que ele esquecesse, não queria que ele se esquecesse que aquilo era um vício homicida –Zayn fala comigo! Por amor de deus! – abanou-o impaciente.
- Só…estou nervoso….e se eu não for bom o suficiente? E se não gostarem de mim? E se…- Zayn com toda a certeza que continuaria com toda aquela história de “e se” se Débora não o interrompesse.
- Chega de e se! Zayn, para mim és mais do bom assim como para a tua família, nós amamos-te e para além do mais, as pessoas seriam parvas se não gostassem de ti e se achassem que não és bom suficiente! Quero dizer, já te ouviste bem? A tua voz é capaz de me levar à lua e voltar!
Aquela afirmação de Débora, entrara como um relâmpago no coração de Zayn, ele não estava nada à espera, noutras circunstâncias talvez estivesse, mas ali, naquele momento, e com todos aqueles, novos sentimentos, ele não estava de todo, à espera daquela afirmação e isso fê-lo sorrir, um sorriso fraco, porém bonito o suficiente para fazer o coração de Débora disparar como uma bomba-relógio.
- Amo-te, sabias? – aquela pergunta saiu-lhe como que naturalmente enquanto os seus olhos encaravam os de Débora.
- É, pode dizer-se que sim, sabia! – Débora afirmou rindo deixando que um brilho escapasse dos seus olhos esverdeados.
Após algo tempo de conversas sem nexo que no fundo faziam os dois apaixonarem-se ainda mais um pelo o outro, desceram para tomar o pequeno-almoço.
Na cozinha, já toda a família Malik se encontrava pronta para seguir caminho para a audição, então os dois rapidamente pegaram nalgo para comer e todos à excepção do pai de Zayn, que por muito que lamentasse não puder estar presente na audição do filho, tinha trabalho a fazer, saíram e puseram-se a caminho daquele que seria um grande momento para Zayn.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

19º Capítulo



Patricia que havia acabado de arrumar a sala de jantar juntamente com as irmãs e a mãe, subira para ir para o seu quarto. Quando ia a passar junto ao quarto de Zayn, reparou que a porta estava encostada e espreitou secretamente para dentro do quarto.
Zayn estava a dormir com as costas encostadas à parede e Débora estava no meio das suas pernas, com a cabeça deitada no seu peito e também dormia. Os dois estavam abraçados.
Patricia podia jurar que aquela fora a coisa mais linda que ela já alguma vez havia visto. Qualquer pessoa que passasse ali e visse aqueles os dois, ali, assim, qualquer pessoa, ninguém teria qualquer dúvida do quanto eles se amavam, e não, não era como irmãos.
Patricia apetecia simplesmente deixá-los ali, assim, sozinhos, bem juntinhos, mas eles estavam numa posição muito má para dormir e estavam com a roupa de dia. No dia seguinte tinha que correr tudo bem, o Zayn podia simplesmente ir para a audição com uma enorme dor de costas por ter dormido sentado.
Devagar, Patricia abriu a porta e entrou silenciosamente. Ainda hesitou por segundos, mas por fim, cutucou o ombro do irmão.
- Zayn…- sussurrou baixinho – Zayn.
Zayn abriu os olhos lentamente, piscou-os imensas vezes e olhou para Patricia.
- Que horas são? –perguntou sonolento.
- Onze. Deixaram-se dormir assim, não vos queria acordar, mas estão numa má posição. – afirmou.
- Não, não. Ainda bem que me acordaste, se não amanhã nem me mexia. – Zayn afirmou e retirou delicadamente os seus braços que estavam em volta da cintura de Débora – Unf, não queria acordá-la.
- Vá, anda lá. É só por um bocado, só para vestirem os pijamas, lavar os dentes e deitarem-se como deve de ser. – Disse Patricia.
Zayn concordou bufando e começou a cutucar Débora delicadamente nos ombros.
- Pst…pst…acorda dorminhoca…- sussurrou ao seu ouvido.
- Ahm? Já é de dia? – perguntou confusa acordando de repente e assustada.
- Não minha parva – Zayn riu assim como Patricia – Nós é que nos deixámos dormir assim. Vá, anda, vamos vestir o pijama, lavar os dentes e caminha que amanhã é um grande dia.
- Ah…está bem. – Débora concordo e levantou-se lentamente, sendo seguida por Zayn.
Patricia vendo que o seu trabalho ali já estava feito, despediu-se dos dois com um beijo em cada face e foi para o seu quarto.
Zayn começou por despir a sua T-shirt, em seguida tirou as calças e ficou apenas de boxers, tal e qual como ele gostava de dormir. Por mais frio que fizesse em Bradford, Zayn quando dormia ficava cheio de calor e não suportava estar vestido. Dirigiu-se para a casa de banho e foi lavar os dentes.
- Zayn…- Débora chamou-o indo atrás dele – Eu trouxe pijama, mas sabes que eu...
- Sim, já sei que adoras dormir com as minhas camisolas e os meus boxers. – Zayn afirmou rindo abrindo a pasta dos dentes, pondo na escova e começando a esfregar os dentes – xá slabes de cão! – disse com a boca cheia de pasta enquanto esfregava os dentes. Débora não conseguiu evitar e riu-se.
- Sim Zayn, eu sei onde estão! – Débora respondeu, dando a entender que tinha percebido o que ele dissera e voltou para o quarto.
Dirigiu-se à cómoda que se encontrava ao lado da cama, abriu uma gaveta e tirou uns boxers brancos da Calvin Klein, abriu outra gaveta e retirou uma T-shirt azul escura bastante larga, tal e qual como ela gostava e dirigiu-se para a casa de banho.
Por pequenos instantes, Débora e Zayn voltaram a ser como eram há meses atrás e ela voltou a ganhar coragem para se despir à frente dele.
Zayn, que já havia acabado de lavar os dentes, não parecia estar do mesmo modo, pois assim que Débora começou a despir a blusa, ele saiu imediatamente da casa de banho.
Na verdade, ele estava com medo, com muito medo de cometer alguma loucura, uma grande loucura. Estava com medo de cometer a loucura de agarra-la ali mesmo e nunca mais a soltar.
- Caramba Zayn! – gritou consigo mesmo já sentado na sua cama.
- Dixeste aguna coxa? – perguntou Débora escovando os dentes.
- Uma coxa o quê? – perguntou Zayn rindo-se dela e ela acompanhou-o deixando que bocados de pasta escorressem da sua boca, o que criou risada geral.
- Não me sujes o chão, olha que a minha mãe dá-me na cabeça! – riu-se – Vai já escovar os dentes para a casa de banho! – ordenou indo atrás dela e dando uma pequena palmada no seu rabo, como os pais costumam fazer aos bebés.
Logo após escovar os dentes e prender o seu cabelo num perfeito rabo-de-cavalo, Débora dirigiu-se para o quarto, sendo acompanhada por Zayn.
- Agora, hora da caminha que os patinhos já deram há muito tempo! – disse Zayn deitando-se do lado direito da cama.
- Olha olha para ele! És muito espertinho tu! – disse Débora rindo do que ele dissera e deitou-se do lado esquerdo da cama, de costas para ele. – Boa noite, Malik!
- Boa noite, estúpida! – Zayn desejou, abraçou-a pela cintura, depositou um pequeno beijo na sua cabeça e ambos fecharam os olhos, prontos para dormir.