Ainda
encostada à porta, Débora sentia o seu corpo a tremer completamente. O seu
coração batia aceleradamente e sentia as pernas bambas. Ela não sabia, não
entendia o que havia passado na cabeça dele para fazer aquilo. Mas, a verdade
era que se sentia acima de tudo ridícula, ridícula por se sentir daquela
maneira, ridícula por se ter apaixonado por ele, que nunca iria olhar para ela
de outra maneira se não como uma irmã.
Ainda
permaneceu assim encostada à porta e com os olhos fechados durante alguns
segundos, até ouvir alguém tossir.
- Pai? –
perguntou assustada quando abriu os olhos.
- Onde é
que tu te meteste? – perguntou o seu pai num tom autoritário mas lúcido.
- Estive
na casa do Zayn – respondeu receosa – Mas, não era suposto estares a trabalhar?
- Não
tens nada haver com isso, aqui quem mande em alguém, sou eu e é em ti. –
respondeu brusco.
- Josh
não precisas de falar assim com a tua filha, ela não tem culpa de nada! –
Alice, mãe de Débora, disse irrompendo pela sala.
-
Mas…não tenho culpa do quê? – perguntou confusa.
- De
nada …
- Ela já
não é nenhuma criança, tem o direito de saber Josh!
- Mas de
saber o quê? O que se passa pai? Mãe?
- O teu
pai…ele…- Alice começou e olhou para Josh na esperança que ele fosse dizer
algo, mas como ele não o fez, ela avançou – foi despedido…
- Mas…o
quê? Oh pai…lamento imenso…eu não sei o que dizer. Mas, porque raio te fizeram
isso?
- Não
fui o único a ser despedido, eles estão numa onda de despedir trabalhadores no
Stand.
- Mas isso
é uma perfeita estupidez…
- Pois
é, mas o que é que queres, não há nada a fazer. Vou ter que procurar outro
emprego.
- O que
está a dar agora é ir para o estrangeiro. – Alice afirmou e Débora sentiu um
aperto no coração.
-
Realmente…
- Não!
Vais ver que vais conseguir arranjar um emprego ainda melhor aqui pai, vais
ver. – Débora falou apressadamente. Só a ideia de puder ir morar para o
estrangeiro e deixar Zayn para trás assustava-a e não era pouco.
-
Pois…Dúvido muito…
-
Mas…vocês não estão a pensar mesmo ir para o estrangeiro, pois não? – perguntou
receosa.
-
Bem…nós estávamos a pôr essa possibilidade, agora que começaram as férias e
podíamos aproveitar lá o verão solarengo, visto que aqui só há chuva. E sempre
podias…
- Espera
lá…Lá, onde? Vocês até já têm sitio definido e nem sequer me avisavam de nada?
-
Desculpa, mas tu ontem saíste de casa e não disseste nada a ninguém assim como
hoje de manhã. E nós decidimos isto hoje!
- MAS
NÃO TÊM O DIREITO DE DECIDIR NADA SEM MIM! – gritou irritada e segundos a
seguir sentiu uma mão pesada e quente ir de encontro à sua face.
- Está
Calada! Com quem é que pensas que estás a falar?! Vais já imediatamente para o
teu quarto de castigo e não sais de lá até eu mandar! JÁ!!! – Josh exclamou
irritado.
As mãos
de Débora foram de encontro à face onde o pai lhe havia batido e os seus olhos
começaram a marejar. Ele nunca havia sido agressivo com ela, não daquela
maneira. Depressa correu para o seu quarto e lá se trancou. Encostou-se à porta
e foi descendo lentamente até ao chão. Lágrimas começaram a brotar
instantaneamente dos seus olhos. Num sentimento de desespero as suas mãos puxavam o cabelo. Ela
não queria…ela não podia ir embora, não podia simplesmente abandonar Zayn, não
podia ficar sem ele…
Naquele momento
ela só queria ouvir a sua voz, queria puder ouvi-lo para sentir que estava tudo
bem, que tudo ia ficar bem. Tirou o telemóvel do bolso e discou o número que
tão bem conhecia. Após dois toques de chamada, ela ouviu a voz que tanto amava
do outro lado da linha.
- Olá
amor! – Zayn falou contente.
- Olá…-
Débora respondeu baixinho.
- Está
tudo bem? Estás com uma voz tristinha… que se passou, afinal?
- O meu
pai…ele foi despedido…
- Oh
amor…lamento. Não chores por favor, não suporto ver-te chorar, e muito menos
saber que não estás bem e que não estou contigo. – Zayn suplicou-lhe – Vais ver
que vai correr tudo bem, tenho a certeza.
- Pois…-
Débora não tinha coragem de lhe contar sobre possivelmente ter que ir morar
para o estrangeiro – Só espero que sim, espero mesmo Zayn.
- Vais
ver que sim Princesa. E olha, tenho uma novidade para te contar. – disse
entusiasmado.
- Conta,
conta!
- Então,
primeiro pára de chorar, vá lá!
- Vá lá
Zayn! Esquece isto, já passa! Conta-me a novidade!
-
Então…acabei agora mesmo…DE ME INSCREVER PARA AS AUDIÇÕES DO X-FACTOR!!!
- OH MEU
DEUS!!!!!! A SÉRIO?! TIPO…A SÈRIO?!!
-
SIMMMMMMMMMMM!
-
YUPIIII!!! OH MEU DEUS!! TU VAIS
ARREBEMTAR COM AQUILO TUDO!
- Ahah
És demais rapariga!
- Não, a
sério! Tens a melhor voz que alguma vez ouvi na minha vida Zayn Malik!
-
Exagerada mais linda!
-
Exagerada nada! É mais pura das verdades! Vais ser espectacular! E tenho dito!
- Claro
que vou, contigo a meu lado!
Com as
ultimas palavras que Zayn havia pronunciado, Débora sentira um aperto no
coração. Seria aquilo verdade? Iria mesmo ela estar do lado dele? Bem, em
pensamento e no coração sim, sem ponta de dúvida, mas pessoalmente, ela não
tinham tantas certezas.
- Claro
que sim! Quero que cantes para mim! Canta! Canta! – Débora pediu-lhe
entusiasmada, ela amava quando ele cantava, especialmente quando era para ela.
- Ok…- respondeu e começou a cantar – Baby I just
don’t get it Do you enjoy being hurt? I know you smell the perfume, the make up
on his shirt, you don’t believe his stories, You know that they’re all lies Bad
as you are, you stick around and I just don’t know why (…) You Should let me
love you let me be the one to give you everything you want and need baby good
love and protection make me your selection Show you the way love supposed to be
Baby you should let me love you, love you, love youuuu!
- Awwwww
AMO-TE!
- Também
Te Amo e Muito!!
- DÉBORA
ABRE ESSA PORTA IMEDIATAMENTE! – Josh gritou da sala.
- Bem,
tenho que desligar amor, mais logo falamos.
- Sim, é
melhor ires ver o que o teu pai quer.
-
Amo-te, beijinhos!
- Amo-te
Mais!
Após
desligar a chamada, Débora voltou a guardar o telemóvel no bolso, levantou-se,
limpou as lágrimas que restavam no seu rosto, ganhou coragem e abriu a porta.
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