Após o
seu duche tomado, Zayn saiu da casa de banho, apenas com uma toalha em volta da
cintura e dirigiu-se para o quarto.
- Então,
comeste tudo? – perguntou assim que entrou e viu que Débora estava sentada na
sua cama e a fazer zapping com o comando da televisão.
- Sim…ai
que porcaria, não está a dar nada de jeito na televisão…- reclamou.
- Está
muito refilona a menina, hoje. – Zayn brincou sentando-se ao seu lado.
- É isso
mesmo. Olha…vamos sair?
- Sair
para onde? – Zayn perguntou surpreendido e apontou para a janela do seu quarto
– já viste o tempo que está lá fora?
- Então,
podemos ir ao shopping ou assim…vá lá Malik, preciso de me distrair. – fez
beicinho.
- Mas
Debs, os teus pais, a tua mãe deve de estar preocupada contigo. – disse-lhe
enquanto passava a sua mão pelo rosto dela.
- Ela
deve de calcular que estou aqui…estou sempre. – fechou os olhos ao sentir o
carinho do amigo.
- Tudo
bem, mas é melhor dizeres-lhe algo amor. Também, não vais poder evitá-los para
sempre.
- Sim,
eu sei “papá”. Pronto eu mando-lhe uma mensagem se for preciso para parares de
me chatear com isso e irmos ao shopping!
-
Telefona-lhe! JÁ! – Zayn falou com autoridade na voz e atirou-lhe o
telefone com força que sem querer lhe
foi bater na cara.
- Ai!
Que bruto!!! – queixou-se após ter levado com o dispositivo móvel na cara e
levou a mão ao olho.
-
Desculpa! Desculpa foi sem querer amor! – Zayn falou preocupado e aproximou-se
do seu rosto para ver o “estrago “ que tinha feito – sou mesmo um idiota! –
lentamente levou a sua mão ao rosto da amiga e tocou-o com delicadeza.
- Auch!
Dói! Dói! Pára não toques! – Débora falou aflita.
-
Desculpa Debs, a sério, eu só estava preocupado contigo, e a tua mãe com
certeza também está por isso queria que lhe ligasses. Não queria ser bruto. –
Zayn tentava desculpar-se e falava aflito. Ele odiava que magoassem a Débora
fosse verbalmente ou fisicamente e quando era ele a fazê-lo odiava-se por isso.
- Está
tudo bem Malik, eu vou ligar-lhe!
- Mas
não é isso. Viste o que eu te fiz? Aleijei-te a sério!
-Deixa
de ser parvo, isto já passa! – disse-lhe brincalhona, mas quando olhou para
ele, viu que os seus olhos brilhavam de preocupação – oh vá lá Zaynny, está
tudo bem, a culpa não foi tua, foi sem querer. Não vais chorar pois não? –
fez-lhe uma festa no rosto.
- Não,
achas? Mas, é só que…fogo odeio magoar-te! Sinto-me um idiota, um imbecil, um
porco, um estúpido um…- se Débora não o interrompe-se ele provavelmente
continuaria a insultar-se a si próprio.
-
Um…nada! Cala a boca e deixa-me ligar à minha mãe. – pegou no telefone e discou
o número da mãe – Está a chamar – disse-lhe enquanto Zayn a olhava com um ar
esperançoso e a dar-lhe força interiormente – Estou? Mãe? Sou eu. Sim, está
tudo bem comigo. Eu estou óptima mãe. Não, não preciso de nada. Estou na casa
do Zayn, vamos ao shopping e se me apetecer logo volto para casa – Zayn olhou-a
com ar de repreensão – Sim…sim está bem, logo conversamos, até logo e mande
beijos ao mano. Adeus! – dito isto, desligou o telefone.
- És uma
querida, não haja dúvida. – Zayn disse irónico.
- Não, a
sério Zayn…Estou sem paciência para falar dessas coisas, vamos mas é sair.
- Não, a
sério digo eu Débora. A tua mãe com certeza não tem culpa do que está acontecer,
quem se embebedou foi o teu pai e não ela! – ele foi directo, directo demais a
ponto de magoar os sentimentos de Débora, ele sabia que o estava a fazer, mas
ele tinha razão, afinal de contas ela tinha sido bruta e indelicada a falar com
a mãe, quando a culpa era do seu pai. Mas, estas coisas acontecem sempre assim,
as pessoas descarregam sempre em quem não devem.
- Tudo
bem…agora vais julgar-me, é isso? Ok, vou-me embora então! – Débora falou
irritada.
- Não,
desculpa! Agora estás a armar-te em vitima? Tudo bem, admito que fui demasiado
bruto e directo com o que disse, mas eu tenho razão e tu sabes disso. E viste,
se nem assim te consegui fazer abrir os olhos achas que se fosse meigo
conseguiria?
- Sim,
eu sei! Eu sei que tens razão! Tens toda a razão! Mas caramba, eu estou com
medo! Estou aterrorizada! E se os meus pais se divorciam? O que vai ser de mim
e do meu irmão?! Vai ser um inferno!! – não se conseguiu controlar e as
lágrimas vieram à tona. Zayn rapidamente a envolveu num abraço apertado.
- Pronto,
pronto! Shhhh está tudo bem amor, tudo vai ficar bem, tenho a certeza! –
puxou-a para o seu colo, fazendo-a encostar a cabeça no seu peito e em seguida
beijou-lhe a testa. – Vá lá, não gosto nada de te ver assim princesa –
levantou-lhe o rosto do seu peito e com as pontas dos dedos limpou-lhe as
lágrimas que caiam pelo seu rosto.
E assim
permaneceram os dois, em silêncio e Débora no colo de Zayn por uns bons
minutos. Ao mesmo tempo que sabia que tinha razão, Zayn sentia-se repeso por
ter falado com ela daquela maneira, odiava fazê-la chorar, odiava ver os seus
olhos marejarem. Mas, a verdade era que ele tinha razão, e os amigos também
servem para isso, para nos fazerem abrir os olhos quando estamos errados.
- Vá,
agora vai despachar-te para irmos ao shopping, antes que o tempo piore. Vou lá
a baixo perguntar à minha mãe se nos leva. – Zayn quebrou o silêncio, levantou
a cabeça de Débora do seu colo, e em seguida depositou um leve beijo na sua
testa.
- Tudo
bem. Mas, não sei o que vou vestir, a minha roupa de ontem ainda deve de estar
ensopada, não?
- Claro.
Aliás, a minha mãe pôs as tuas roupas para lavar. Mas não há problema, eu peço
à Patrícia que te empreste umas calças e podes vestir uma das minhas hoodies,
não é a primeira vez.
-Tudo
bem, se ela não se importar.
- Claro
que não. Anda comigo. – Agarrou na mão de Débora e puxou-a até ao quarto de Patrícia,
uma das suas irmãs.
Patrícia,
ou Pathy como a maior parte a chamava, era irmã gémea de Zayn, ou seja, tal
como ele tinha 17 anos. Mas, na verdade, eram os dois bem diferentes, em termos
físicos e psicológicos. Ainda assim, tinham uma coisa em comum, ambos eram
portadores de uma enorme beleza.
Zayn
bateu à porta do quarto da irmã e quando ela deu permissão, ele abriu a porta.
- Pathy,
emprestas umas leggins à Debby? – perguntou à irmã.
- Claro.
Bom dia Debby, não sabia que estavas cá. – disse Patricia animada enquanto
cumprimentava a amiga do irmão.
- Ela
dormiu cá. – disse Zayn – Olha, nós vamos ao shopping, queres vir?
- A mãe leva-nos?
- Claro,
ou achas que íamos a pé com este tempo?
- Pois,
realmente…está bem, eu vou.
- Tudo
bem. Vá, eu vou para o meu quarto, enquanto as meninas se vestem à vontade.
Zayn
saiu do quarto da irmã fechando a porta, deixando assim aquelas duas raparigas
tão importantes para ele vestirem-se à vontade.
Patrícia
procurou na sua gaveta umas leggins para emprestar a Debby e quando as encontrou, entregou-lhas.
-
Dormiste cá…mas eu ontem não te vi chegar. – Patricia estranhou.
- Pois,
é normal. Eu cheguei eram duas e tal da manhã…
- Ah,
problemas?
- Como
sempre.
- Vais
ver que vai correr tudo bem.
- Espero
que sim.
E ali se
instalou um momento de silêncio, enquanto ambas se vestiam.
Quando
Débora acabou de vestir as leggins que Patrícia lhe emprestara, dirigiu-se para
o quarto de Zayn.
- Tens
ai essa T-shirt minha mais aquele casaco que tu tanto adoras. – Zayn disse
apontando para cima da sua cama, quando a amiga entrou.
- Oh,
aquele casaco super quentinho e fofo.
Débora
fechou a porta do quarto do amigo, despiu a camisola também do Zayn, que tinha
vestida, pouso-a em cima da cadeira e dirigiu-se até à cama.
-
Debby…tu tens comido alguma coisa de jeito? – Zayn perguntou olhando
desconfiado para o tronco da amiga, apenas protegido pelo seu soutien.
- Ahm,
sim! Claro, porque perguntas isso? – respondeu atrapalhada depois de ter
engolido em seco e logo se apressou a pegar na T-shirt de Zayn e vesti-la.
-
Débora, olha para mim – Zayn pediu-lhe agarrando delicadamente no rosto – Olha-me
nos olhos e diz-me que andas a comer como deve de ser.
- Ando a
comer como deve de ser. – respondeu-lhe receosa olhando nos seus olhos.
-
Mentira Débora! A sério…o que é que tu andas a fazer…porque dieta não é, sei
perfeitamente.
- Aff,
Zayn a sério deixa de ser parvo…
- Não, Débora!
Tu é que tens que deixar de ser parva! Tu achas que eu sou burro? Responde, a
sério! Eu sei perfeitamente que tu não andas a comer.
-Não
sejas estúpido, ainda há um bocado me viste a comer.
-
Obrigado, porque eu estava aqui…
- Eu
como Zayn! Caramba, é sempre a mesma conversa!
- Não
Debby, não é sempre a mesma conversa! Olha…a tua mãe ligou-me há alguns dias,
ela está preocupada contigo. Ela disse-me, ela disse-me que tu não tens andado
a comer nada de jeito e que das vezes em que comes te trancas na casa da banho
durante muito tempo. Não tens como negar que não se passa nada contigo,
porque…Debs, o que é que tu andas a fazer contigo própria? – perguntou-lhe
baixando a cabeça e retirando as mãos do rosto dela.
Débora
não respondeu, em vez disso, continuou a olhá-lo, a olhá-lo assustada e
lágrimas começaram a formar-se nos seus olhos.
Numa
atitude brusca e repentina ela agarrou nos seus ténis e correu para fora do
quarto.
Zayn assustou-se
com a sua atitude precipitada, mas sem perder tempo correu atrás dela.
Quando
Débora já se encontrava na sala perto das escadas, ele conseguiu alcança-la
agarrando no seu braço direito fazendo os ténis que ela tinha nas mãos caírem
ao chão e puxando-a para si.
O puxão
foi de tal maneira forte e repentino, que as suas testas ficaram coladas e os
narizes e bocas a milímetros de distância. Ambos conseguiam ouvir e sentir na
sua pele, a respiração de cada um.
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