Assim
que a deixaram em casa, Débora despediu-se da família Malik e entrou.
Ela
ainda não podia acreditar, que a pessoa que a havia deitado a baixo com sete
pedras na mão, que havia gozado, que a havia feito sentir-se como lixo, que
esse monstro, estava a aproximar-se daquele que amava, do seu Zayn. Queria
fazer alguma coisa, queria puder conseguir abrir-lhe os olhos para ele perceber
que ela não era de todo boa pessoa, mas não podia, não podia simplesmente
dizer-lhe que ele tinha que se afastar dela porque ela não era boa pessoa.
-
Já chegaste filha! – Alice fê-la acordar dos seus pensamentos ao aparecer na
sala – Então, como correu a audição.
- Bem, ele passou. – Débora respondeu sorrindo
fraco e cumprimentado a mãe com um beijo no rosto – O pai?
-
Está a acabar de fazer as malas. Quer deixar já tudo pronto, para que amanhã
quando chegar a hora não se atrasar.
-
Está bem…e o Kevin?
-
Está a dormir. Ele começou a chorar por o pai se ir embora amanhã que acabou
por adormecer.
-
Coitadinho do meu menino.
-
E tu meu amor, como estás? – Alice perguntou-lhe reparando no olhar triste que
Débora não conseguia esconder.
-
Eu estou bem mãe. Vou para o meu quarto, se precisares de alguma coisa,
chama-me.
Débora
foi para o seu quarto e lá se fechou. Não lhe apetecia ver ou falar com alguém.
Só queria estar sozinha, pensar, pensar em tudo, na vida, naquilo em que a sua
vida se iria tornar quando se fosse embora, quando tivesse que o abandonar.
Naquele momento, ela estava a precisar de desabafar, mas não com alguém. Ela
precisava de escrever, escrever tudo aquilo que estava a sentir. Abriu a
mesinha de cabeceira, retirou o diário que não mexia há algum tempo, agarrou
numa caneta e começou a escrever tudo aquilo que o seu coração precisava de
gritar.
“Querido diário…a vida é tão
irónica, tão irónica ao ponto de querermos que tudo corra bem, e quando temos esse desejo, quando temos
esperanças de que isso vá acontecer, é quando exactamente o oposto acontece.
Senti-mo vazia, sinto-me sem
qualquer tipo de razão para continuar em frente. Eu tenho apenas dezasseis
anos, não era suposto sentir-me da maneira que sinto. Sinto-me sem destino,
sinto-me sem futuro ou sequer um presente. Sinto que o meu mundo pode desabar a
qualquer momento.
Eu amo-o tanto, mas tanto
que chego a pensar como é que é possível um sentimento tão forte caber no
coração de alguém da minha idade. Não consigo perceber, não consigo entender
que grande mal fiz eu a deus para merecer isto, para merecer todas estas coisas
sem um pingo de bondade que me têm acontecido.
Eu já nem peço por um corpo
perfeito, já não peço por uma aparência perfeita, mas…eu queria apenas ser
feliz, queria apenas nem que fosse por meros minutos, sentir que a minha
existência tem qualquer razão de ser. Infelizmente, não sinto, não sinto nada
disso. Tudo aquilo que sinto, é uma enorme tristeza, o maior vazio, a maior
vontade de chorar apodera-se sobre mim, as lágrimas que teimam em cair por
longos tempos, não consigo agora continuar a impedi-las de serem livres, não
posso, não tenho esse direito, não quando tudo o que eu quero é ser livre, ser
feliz.
Se ao menos ele soubesse, se
ao menos ele compreende-se, se ao menos ele estivesse agora aqui, ao meu lado a
abraçar-me e a sussurrar que tudo vai ficar bem.
Palavras nunca serão
suficientes para descrever como eu me sinto, para descrever o tamanho da
incerteza que guardo dentro de mim por muito tempo.
Neste momento, neste exacto
e preciso momento, a única certeza que tenho…é que o Amo mais que tudo e que
abandoná-lo é a última coisa que quero neste mundo.”
Débora
perdeu até as forças para continuar a escrever. A cada dia que passava,
sentia-se mais fraca, sentia-se mais incapaz de se tornar alguém, de se tornar
num ser vivo. Sim, muitas vezes ela sentia-se tão vazia que parecia que não
vivia.
E
quando pensava tudo aquilo, ela dava-se conta que estava a ser a pessoa mais
injusta de todo o sempre, pois para alguém como ela, ter o Zayn do seu lado era
dos maiores privilégios. Mas era ai, era ai que se encontrava o maior erro, era
ai que se encontrava o mal da raiz. Ela tinha-o do seu lado, mas dentro de
algumas semanas, deixaria de o ter, e não seria por culpa dele. A culpa seria
inteiramente dela, ela seria a covarde, a otária que o iria abandonar e sem
sequer se dignar a avisá-lo antecipadamente. Mas ela não conseguia, não
conseguia simplesmente chegar junto dele e dizer-lhe que em breve iria partir,
partir para outro país, para outro lugar, partir para um sítio bem longe dele,
partir para um sitio bem longe de onde o seu coração se encontrava.
Mais
uma vez, Débora sentiu-se um lixo, um completo lixo. Jogou o diário com força
para o chão e deixou-se cair encostada à cama. Deixou que mais lágrimas se
apoderassem do seu rosto, lágrimas sem fim, sem qualquer tipo de fim. Aquilo
tornava-se uma rotina sua, tornava-se um hábito, um vicio. Dizem que aquilo que
não cabe no coração, escorre pelos olhos e ali estava, nela, encontrava-se a
maior prova de que essa frase, era a maior das verdades já alguma vez dita.
Nada,
nada mais caberia naquele coração que já se encontrava tão apertadinho, tão
destruído, partido e separado por pedacinhos tão frágeis.
Uma
hora passou-se e Débora ainda se encontrava sentada no chão, com as costas
encostadas à cama e os braços à volta dos joelhos encolhidos. Lágrimas ainda
brotavam dos seus olhos, mas felizmente, já não vinham com tanta violência como
as anteriores.
-
Débora? Filha? – Débora tentou conter o choro ao ouvir a voz da sua mãe do lado
de fora da porta.
- S…sim, mãe? – Débora
tentou soar normal.
-
Está tudo bem? Porque é que estás trancada?
-
Está tudo óptimo mãe. Só estou trancada…porque já é um vicio…-inventou a pior
desculpa que lhe veio à mente.
-
Hum…bem, preciso de ajuda a por mesa meu amor, vem ajudar-me enquanto eu faço o
jantar.
Débora
apenas respondeu um pequeno sim. Levantou-se cansada, cansada de chorar. Limpou
o rosto com as mãos e quando verificou se os seus olhos não estavam inchados o
suficiente para que ninguém notasse que ela havia chorado por mais de uma hora,
saiu do quarto.
Assim
que chegou à sala, deparou-se com o seu pai a ver televisão.
-
Então, o rapaz passou ou quê? – o seu pai perguntou quando deu pela sua
presença.
-
Hã? – Ela perguntou confusa.
-
Se o Zayn passou na audição rapariga!
-
Ah, sim…passou pai!
-
Dá-lhe os parabéns por mim.
-
Tudo bem.
Débora
dirigiu-se para a cozinha, pegou nos pratos, nos copos e nos talhares e começou
a por a mesa enquanto a sua mãe fazia o jantar.
Nem
uma única palavra fora pronunciada naquele momento e até ao jantar.
Quando
chegou a hora de jantar, ela encarregou-se de ir chamar o seu irmão.
-
Kevin? – ela chamou-o enquanto batia à porta.
-Mana!
– ele felicitou-a e correu para a abraçar – o pai já vai embora amanhã! – disse
triste.
-
Eu sei meu amor.
-
Não estás triste? – ele perguntou-lhe.
-
Sim…- nem ele sabia o quanto – Mas bem, vamos jantar.
-
Está bem. – Kevin respondeu, deu a mão á irmã e os dois seguiram para a sala de
jantar.
A
refeição foi calma, silenciosa. O único som ouvido, eram pura e simplesmente as
respirações profundas de todos.
Débora
tinha vontade de gritar, de gritar para o pai e pedir-lhe por tudo que ele não
a obrigasse a ir para Portugal. Mas, infelizmente ela não podia, não poderia
fazer isso, caso contrário ela seria obrigada a fazer as malas e com toda a
certeza ir embora com ele logo no dia seguinte.
Sentia
a sua família cada vez mais distante, cada vez mais além.
Logo
após acabarem de jantar, Kevin foi para o seu quarto, Josh foi deitar-se porque
teria que acordar cedo e Débora ficou a ajudar a sua mãe a arrumar as coisas.
-
O pai não vai mesmo mudar de opinião, pois não mãe? – ela ganhou coragem e
perguntou.
-
Não meu amor, ele já tomou a decisão e está mais do que tomada. Daqui a menos
de dois meses, estamos nós e o teu irmão a embarcar para Portugal. Lamento. –
Alice afirmou olhando triste para Débora.
- A culpa não é tua mãe…a culpa não é de
ninguém. – Débora ditou e mais nada foi pronunciado.
Assim
que acabaram de arrumar tudo, Débora depositou um beijo na testa de Alice e foi
para o seu quarto.
Estava
cansada, havia sido um dia difícil, cansativo e na manhã seguinte teria que
acordar cedo para s despedir do pai. O melhor, seria ir dormir e foi isso que
fez, mas não sem antes mandar uma mensagem de boa noite a Zayn.
“Só queria desejar-te uma
boa noite. Não me disseste mais nada hoje…bem, vou dormir porque vou acordar
cedo para me despedir do meu pai. Dorme bem, Amo-te xx.” Digitou e clicou enviar.
Pousou
o telemóvel na mesa-de-cabeceira, vestiu o pijama e deitou-se na esperança de
conseguir adormecer o mais rápido possível.
ESTÁ TÃO LINDO MAS TÃO LINDO OMG QUEM ME DERA ESCREVER COMO TU AI MY EMOTIONS *-* ASDFGHJKL <3
ResponderEliminarAWWWWWWN OPAH TU ESTRAGAS-ME COM ESSES COMMENTS LINDOS <3 oigjiifhf
Eliminarescreves tão bem! e a história é linda! PERFEITA!
ResponderEliminarAwwwwwn que lindaaaaaaa <3 Muito obrigada *o*
EliminarOpa que lindo!Já pensaste em escrever um livro ou assim?Tens realmente um jeito natural!Amei,continua!
ResponderEliminarAwwwwwn que fofinhaa *o* Obrigada, a sério, muitooo Obrigada *o* <3
EliminarMas que lindo Debs! Amei <3
ResponderEliminarAwwwwwn OBRIGADA AMOOOOOOOR <3
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