Já
dentro da discoteca, enquanto Patricia e Débora se encontravam sentadas em
frente ao balcão e Doniya tinha ido à casa de banho, Zayn dançava animadamente
com Geneva.
Patricia
lembrou-se da conversa que havia tido com ele naquela manhã e ao que parecera,
ele próprio esquecera-se daquilo que havia dito.
Débora
estava a sofrer tanto, o seu coração doía imenso, doía e ficava mais apertado a
cada segundo que passava, a cada segunda que ela olhava para a frente e via
aquela imagem, a imagem daquele que ela amava a dançar animadamente com aquela
que a deitara a baixo sem pensar duas vezes e sem sequer a conhecer.
Há
pouco mais de uma hora dentro da discoteca e Débora já estava mais do que
farta, mais do que farta de vê-los ali, assim tão amigos, tão cúmplices, tão
próximos.
-
É uma vodka por favor! – pediu apressada virando a cadeira para o barman.
-
Débora? – Patricia olhou-a surpreendida, pois Débora não era pessoa de beber fosse
o que fosse que conte-se álcool.
-
Que foi?
- Tu
não bebes…
-
Hoje bebo! – disse e em seguida agarrou no copo que o barman acabava de colocar
à sua frente.
-
Tens a certeza? – perguntou ainda olhando-a surpreendida.
-
Absoluta! – afirmou e em seguida levou o copo à boca, bebendo o liquido todo de
seguida. Após engolir arrepiou-se e fez uma careta – É mais um por favor! –
pediu ao barman levantando o copo.
-
O quê?! Estás maluca?
-
O que foi? Eu vim aqui para me divertir e é isso que estou a fazer.
- Não,
não é Débora.
-
Por amor de deus, é só o segundo.
-
O segundo para quem nunca bebeu nada disto!
-
Há sempre uma primeira vez para tudo.
-
Tu só estás a fazer isto para te distraíres deles e não pensares naquele que
sentes por o meu irmão ou sequer pensares sobre teres que te ir embora.
Débora
não respondeu, simplesmente agarrou no copo que o barman acabara de pousar e
levou-o à boca fazendo exactamente o mesmo que anteriormente.
-
Eu adoro-te e percebo que estejas a sofrer, mas beberes não é de todo o melhor
remédio.
-
Eu é que sei o que é o melhor remédio para mim ou não. – respondeu encolhendo
os ombros e pedindo outra vodka em seguida.
Patricia
olhou-a incrédula, levantou-se e afastou-se não acreditando no que acabara de
ouvir.
Débora
já estava a ficar alterada, pois já tinha bebido cinco copos de vodka quando se
tentou levantar e sentiu o seu corpo quase perder as forças. Já não estava
propriamente sóbria, mas ainda assim sabia que o que acabara de fazer era
errado. Mas, que poderia ela mais fazer? Ficar ali sentada, a olhá-los até se
cansarem de dançar e de se divertir e irem embora? Estava claro que não, pois
se ela fizesse isso, o seu coração seria capaz de parar ali mesmo.
Com
muito esforço, levantou-se e cambaleou até à casa de banho, abriu a porta e
para seu contentamento, o compartimento encontrava-se vazio, mas provavelmente
não por muito tempo.
Dirigiu-se
até aos lavabos e olhou-se ao espelho. Estava péssima, a cara toda vermelha e
cheia de calor. Para piorar a situação, uma enorme vontade de chorar
apoderou-se dela. Odiou-se, odiou-se por sempre se sentir tão fraca, por sempre
ter vontade de chorar por tudo e às vezes por nada. Abriu a torneira do
lavatório, pôs as mãos em concha debaixo de água e levo-as à cara, na espectativa
de se sentir mais sóbria. Foi em vão, pois a água não surgira efeito nenhum
para além de refrescar a sua cara que há segundos se encontrava a ferver.
Ouviu
a porta a abrir-se e tal não foi o seu espanto quando viu Geneva a entrar de
rompante.
-
Olá querida, estás bem? – perguntou-lhe Geneva forçando um sorriso.
-
Escusas de te fazer de falsa para mim, porque eu sei muito bem como és! –
Débora disse tentado parecer o mais sóbria possível.
-
Apanhaste-me! – confessou aproximando-se dela – Gorda, é bom que saibas que
vais ter que me aturar pelo resto da noite e da tua vida! Pois o Zayn, vai ser
meu!
-
Tu não o mereces. – Débora disse simplesmente, tentando com que as palavras de
Geneva não entrassem tão erosivas na sua cabeça.
-
Ai não? Então diz-me lá, quem é que o merece? Tu, uma gorda feia e afronta ao
ser humano? – gargalhou – Deixa-me rir.
Débora
teve vontade de espancá-la ali mesmo, mas infelizmente as poucas forças que
tinha não a permitiram fazê-lo, não lhe permitiram fazer nada mais do que
chorar, tudo aquilo que ela sempre fazia
e tudo aquilo que ela sempre odiava não puder controlar.
-
Bem me parecia que não. Chora para aí e vive a tua “bebedeira”, enquanto EU me
vou divertir com o Zayn. – Geneva afirmou rindo e saindo em seguida.
Débora
não podia acreditar que houvesse gente tão má e sem escrúpulos na terra, não
podia mesmo. Devido ao exagerado consumo de álcool, o choro parou-lhe
subitamente, dando lugar a uma enorme gargalhada, não uma gargalhada forçada,
mas uma gargalhada bem dada, com vontade, vontade essa que Débora nem se deu
conta de onde vinha, ela só sabia que lhe apetecia rir. E riu, riu sozinha até
cair sentada no chão e deixar que novas lágrimas invadissem o seu rosto
novamente.
Enquanto
isso, Zayn encontrava-se sentado em frente ao bar a beber algo para matar a
sede.
Estava
a divertir-se imenso com Geneva naquela noite, ela animava-o, fazia-o rir e
sentir-se bem, mas ainda assim, ela não era Débora, a sua melhor amiga, aquela
que ele realmente amava. Ao pensar em Débora, lembrou-se de repente que ainda não tinha estado praticamente tempo
nenhum com ela naquela noite e odiou-se por isso, odiou-se por tê-la posto de
parte.
A
verdade, era que só conhecia Geneva há pouco mais de quarenta e oito horas, mas
estava a gostar imenso de conhecê-la e de estar com ela. Era divertida,
simpática e muito bonita, de certa forma ele sentia-se atraído por ela, mas
depois, no seu pensamento, o nome Débora e a imagem dela vinham ao de cima.
“Were
the best of friends
And we share our secrets
She knows everything that is on my mind
Lately somethings changed
As I lie awake in my bed
A voice here inside my head
Softly says”
And we share our secrets
She knows everything that is on my mind
Lately somethings changed
As I lie awake in my bed
A voice here inside my head
Softly says”
A música “Why don’t you kiss
her” de Jesse McCartney começou a tocar no telemóvel de uma rapariga que se
encontrava sentada ao seu lado e fê-lo despertar dos seus pensamentos para o
levar exactamente para outros.
“Why
don't you kiss her
Why don't you tell her
Why don't you let her see
The feelings that you hide
She'll never know
If you never show
The way you feel inside”
Why don't you tell her
Why don't you let her see
The feelings that you hide
She'll never know
If you never show
The way you feel inside”
Zayn
riu, riu de tanto irónico que era daquela música estar a tocar precisamente
naquele momento, naquele momento em que ele estava a ter aqueles pensamentos e
riu ainda mais, de tão irónico que era da letra da música se adequar
exactamente à situação, à sua situação, aos seus sentimentos, à sua história, à
história dele e de Débora.
O
toque de uma mão no seu ombro, fê-lo despertar do seu transe.
-
Voltei. – Geneva afirmou sorrindo sentando-se ao seu lado.
-
Hey! Então, estás a divertir-te? – Zayn perguntou-lhe sorrindo.
-
Estou pois, ainda para mais contigo aqui. E, muito obrigada por ontem,
precisava realmente de alguém com quem desabafar.
-
Não agradeças, afinal de contas, somos amigos não é? E os amigos servem para
isso. – afirmou e logo em seguida Geneva abraçou-o.
-
Não me importava de ser algo mais. – Geneva sussurrou ao seu ouvido fazendo-o
arrepiar por completo.
Aos
poucos, quebraram o abraço e quando as suas faces se tocaram, Zayn num impulso,
agarrou no rosto dela com as suas mãos e beijou-a, beijou-a sem pensar.
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