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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

30º Capítulo



Assim que fechou a porta de casa, Débora deparou-se com a sua mãe a dormir no sofá. Respirou fundo. Não a queria acordar, mas também não queria deixá-la ali, a dormir numa má posição.
Devagar caminhou até ela e ao de leve tocou-lhe no ombro.
- Mãe. – sussurrou ao ouvido da sua mãe.
- Já chegaste filha. – Alice constatou, abrindo os olhos devagar.
- Sim mãe, já cheguei. Vai para a cama. – Débora afirmou, dando um beijo na testa dela.
- Eu vou já meu amor. Sentes-te bem? – Alice perguntou após ver a filha cambalear.
- Sim mãe, foi só uma tontura, bebi um bocadinho demais. – Débora disse sem pensar.
- Bebeste um bocadinho demais? – Alice perguntou assustada, levantando-se do sofá num pulo – Como assim? Tu nunca bebes, nunca bebeste!
- Eu sei mãe, mas há uma primeira vez para tudo, e hoje apeteceu-me. – afirmou indelicadamente e abandonou a sala, deixando a sua mãe sozinha, assustada e surpreendida no sofá.
Fechou a porta do quarto com força sem sequer pensar que poderia acordar o seu irmão mais novo, que dormia no quarto ao lado.
Dirigiu-se até à sua cama. Levantou o colchão com algum esforço e retirou um x-acto que se encontrava escondido lá debaixo.
Após ter ido parar ao hospital por quase ter posto fim à sua vida, os seus pais esconderam tudo o que pudesse ser perigoso para ela. Mas, o que ninguém sabia, era que ela tinha aquela arma branca ali escondida, já para o caso daquilo acontecer.
Baixou o colchão e sentou-se na cama. Esticou o braço para a frente e abriu o x-acto.
Um corte, uma lágrima, dois cortes, outra lágrima, três cortes e começou a chorar.
Débora sabia que aquilo não estava certo de todo, mas naquele momento, era a única coisa que parecia capaz de parar aquela dor profunda que sentia dentro de si.
Os cortes eram menos profundos que os da última vez, mas um paço em falso, e a sua vida poderia acabar ali. Não que ela não tivesse vontade de acabar com tudo aquilo, mas ainda haviam pessoas que precisavam dela, a sua mãe, o seu irmão, aquele que era o seu principezinho, mas aos seus olhos, aquele que ela tanto amava, já não precisava dela para nada, pois agora tinha Geneva.
Após esse pensamento, um corte um pouco mais profundo seguido por um gemido de dor, surgiu.
A dor ainda não havia passado, nunca iria passar, mas Débora já estava cansada e com sono.
Pousou o x-acto em cima da cama, abriu a gaveta da cómoda e retirou um lenço. Limpou o pouco de sangue que continha nos seus braços e no objecto, voltou a levantar o colchão e escondeu ambas as coisas.
Estava fraca, sem forças, os seus pulsos doíam e a sua cabeça latejava. Sem pensar duas vezes, atirou-se para cima da cama e depressa adormeceu.
Zayn, assim que chegou a casa, mandou uma mensagem a Geneva.

“Olá linda. Só para agradecer e dizer que me diverti imenso esta noite. Temos que repetir e terminar o que estávamos a fazer. Dorme bem, beijo xx”

Apesar do seu coração pertencer a Débora, Zayn não podia negar que Geneva mexia com as suas hormonas. Era bonita, inteligente e divertida, que mais poderia ele pedir? E ao que parecia, ela também estava bem interessada nele.
Na manhã seguinte, Débora acordou com uma tremenda dor de cabeça e uma certa indisposição. Porém, sentia-se mais aliviada, mais relaxada e suave. Tivera um sonho ao qual não sabia explicar, mas fizera-a perceber, que talvez a ida dela para Portugal fosse o melhor para todos, principalmente para Zayn, que assim poderia ficar com Geneva à vontade.
Uma vontade incomum de vomitar apoderou-se dela, fazendo-a levantar-se num ápice e correr para a casa de banho. Sentia-se completamente sem forças e o alívio que antes sentia desaparecera num abrir e fechar de olhos.
A verdade era que não se conseguia imaginar a viver longe dali, longe dele, sem ele…
Não percebia a razão pela qual a vida só lhe proporcionava sofrimento ultimamente, era uma pergunta à qual não obtinha qualquer tipo de resposta. Porém, a vida também não lhe permitia fugir dela.
Debruçou-se sob a pia e tal como na discoteca, deitou todo para fora. Cinco minutos se passaram, e Débora parou, parou para pensar o rumo que a sua vida estava a tomar.
Fosse de que maneira fosse, ela sofria. A seu ver, nada de mal fizera ao mundo para merecer tal coisa. Pensava que talvez o futuro lhe reserva-se algo de bom, algo que ela realmente merecesse.
Levantou-se do chão, despejou o autoclismo e depressa decidiu que estava na altura de tomar um bom banho para relaxar.
Zayn acordou suado e sobressaltado. Tivera um pesadelo durante a noite, um pesadelo terrível e que ele não queria de todo que se tornasse realidade.
Levantou-se da cama e viu o seu telemóvel piscar. Agarrou no dispositivo móvel e no visor pôde ler “Uma nova mensagem de Geneva”.
No seu rosto, formou-se um belo e grandioso sorriso ao lembrar-se da noite anterior. Desbloqueou o telemóvel e leu a mensagem.

“Oi gato. Eu também me diverti imenso. E sim, temos que acabar o que começámos, que tal hoje de tarde? Beijo grande.”

Zayn começou a digitar sem pensar, e iria aceitar o convite sem hesitar, até o pesadelo que tivera lhe vir à cabeça.

“Bom dia. Eu de facto adoraria, mas esta tarde já tenho planos. Peço desculpa, fica para a próxima xx” 
Respondeu, e em seguida ligou para Débora.
Chamou uma vez, duas, três e ela não atendia. Zayn pensou que talvez ela ainda estivesse a dormir.
Decidiu tomar um banho, vestir-se e ir até casa da sua melhor amiga.

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