Assim
que fechou a porta de casa, Débora deparou-se com a sua mãe a dormir no sofá. Respirou
fundo. Não a queria acordar, mas também não queria deixá-la ali, a dormir numa
má posição.
Devagar
caminhou até ela e ao de leve tocou-lhe no ombro.
-
Mãe. – sussurrou ao ouvido da sua mãe.
-
Já chegaste filha. – Alice constatou, abrindo os olhos devagar.
-
Sim mãe, já cheguei. Vai para a cama. – Débora afirmou, dando um beijo na testa
dela.
-
Eu vou já meu amor. Sentes-te bem? – Alice perguntou após ver a filha
cambalear.
-
Sim mãe, foi só uma tontura, bebi um bocadinho demais. – Débora disse sem
pensar.
-
Bebeste um bocadinho demais? – Alice perguntou assustada, levantando-se do sofá
num pulo – Como assim? Tu nunca bebes, nunca bebeste!
-
Eu sei mãe, mas há uma primeira vez para tudo, e hoje apeteceu-me. – afirmou
indelicadamente e abandonou a sala, deixando a sua mãe sozinha, assustada e
surpreendida no sofá.
Fechou
a porta do quarto com força sem sequer pensar que poderia acordar o seu irmão
mais novo, que dormia no quarto ao lado.
Dirigiu-se
até à sua cama. Levantou o colchão com algum esforço e retirou um x-acto que se
encontrava escondido lá debaixo.
Após
ter ido parar ao hospital por quase ter posto fim à sua vida, os seus pais
esconderam tudo o que pudesse ser perigoso para ela. Mas, o que ninguém sabia, era
que ela tinha aquela arma branca ali escondida, já para o caso daquilo
acontecer.
Baixou
o colchão e sentou-se na cama. Esticou o braço para a frente e abriu o x-acto.
Um
corte, uma lágrima, dois cortes, outra lágrima, três cortes e começou a chorar.
Débora
sabia que aquilo não estava certo de todo, mas naquele momento, era a única
coisa que parecia capaz de parar aquela dor profunda que sentia dentro de si.
Os
cortes eram menos profundos que os da última vez, mas um paço em falso, e a sua
vida poderia acabar ali. Não que ela não tivesse vontade de acabar com tudo
aquilo, mas ainda haviam pessoas que precisavam dela, a sua mãe, o seu irmão,
aquele que era o seu principezinho, mas aos seus olhos, aquele que ela tanto
amava, já não precisava dela para nada, pois agora tinha Geneva.
Após
esse pensamento, um corte um pouco mais profundo seguido por um gemido de dor,
surgiu.
A
dor ainda não havia passado, nunca iria passar, mas Débora já estava cansada e
com sono.
Pousou
o x-acto em cima da cama, abriu a gaveta da cómoda e retirou um lenço. Limpou o
pouco de sangue que continha nos seus braços e no objecto, voltou a levantar o
colchão e escondeu ambas as coisas.
Estava
fraca, sem forças, os seus pulsos doíam e a sua cabeça latejava. Sem pensar
duas vezes, atirou-se para cima da cama e depressa adormeceu.
Zayn,
assim que chegou a casa, mandou uma mensagem a Geneva.
“Olá linda. Só para
agradecer e dizer que me diverti imenso esta noite. Temos que repetir e
terminar o que estávamos a fazer. Dorme bem, beijo xx”
Apesar
do seu coração pertencer a Débora, Zayn não podia negar que Geneva mexia com as
suas hormonas. Era bonita, inteligente e divertida, que mais poderia ele pedir?
E ao que parecia, ela também estava bem interessada nele.
Na
manhã seguinte, Débora acordou com uma tremenda dor de cabeça e uma certa
indisposição. Porém, sentia-se mais aliviada, mais relaxada e suave. Tivera um
sonho ao qual não sabia explicar, mas fizera-a perceber, que talvez a ida dela
para Portugal fosse o melhor para todos, principalmente para Zayn, que assim
poderia ficar com Geneva à vontade.
Uma
vontade incomum de vomitar apoderou-se dela, fazendo-a levantar-se num ápice e
correr para a casa de banho. Sentia-se completamente sem forças e o alívio que
antes sentia desaparecera num abrir e fechar de olhos.
A
verdade era que não se conseguia imaginar a viver longe dali, longe dele, sem
ele…
Não
percebia a razão pela qual a vida só lhe proporcionava sofrimento ultimamente,
era uma pergunta à qual não obtinha qualquer tipo de resposta. Porém, a vida
também não lhe permitia fugir dela.
Debruçou-se
sob a pia e tal como na discoteca, deitou todo para fora. Cinco minutos se
passaram, e Débora parou, parou para pensar o rumo que a sua vida estava a
tomar.
Fosse
de que maneira fosse, ela sofria. A seu ver, nada de mal fizera ao mundo para
merecer tal coisa. Pensava que talvez o futuro lhe reserva-se algo de bom, algo
que ela realmente merecesse.
Levantou-se
do chão, despejou o autoclismo e depressa decidiu que estava na altura de tomar
um bom banho para relaxar.
Zayn
acordou suado e sobressaltado. Tivera um pesadelo durante a noite, um pesadelo
terrível e que ele não queria de todo que se tornasse realidade.
Levantou-se
da cama e viu o seu telemóvel piscar. Agarrou no dispositivo móvel e no visor
pôde ler “Uma nova mensagem de Geneva”.
No
seu rosto, formou-se um belo e grandioso sorriso ao lembrar-se da noite
anterior. Desbloqueou o telemóvel e leu a mensagem.
“Oi gato. Eu também me
diverti imenso. E sim, temos que acabar o que começámos, que tal hoje de tarde?
Beijo grande.”
Zayn
começou a digitar sem pensar, e iria aceitar o convite sem hesitar, até o
pesadelo que tivera lhe vir à cabeça.
“Bom dia. Eu de facto
adoraria, mas esta tarde já tenho planos. Peço desculpa, fica para a próxima
xx”
Respondeu, e em seguida ligou para Débora.
Chamou
uma vez, duas, três e ela não atendia. Zayn pensou que talvez ela ainda
estivesse a dormir.
Decidiu
tomar um banho, vestir-se e ir até casa da sua melhor amiga.
muito bom! continua. xx
ResponderEliminarLindoo , tens de por outro capitulo depressinha <3 :)
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